São Paulo registra fim de ano com temperaturas recordes

São Paulo registra fim de ano com temperaturas recordes

Altas Temperaturas em São Paulo

O recorde de temperatura que seguia inalterado por 27 anos foi superado três vezes em apenas quatro dias ao longo do mês de dezembro. Diante das altas temperaturas registradas durante o fim do ano em São Paulo, o meteorologista Luiz Nachtigall, da Metsul Meteorologia, afirmou que é possível classificar o período como bizarro. Segundo ele, as condições climáticas dos últimos dias de 2025 fugiram absurdamente à curva do clima histórico e impressionam toda e qualquer pessoa que se dedica a estudar o clima.

Uso Equivocado do Termo "Recorde"

O meteorologista também chama atenção para o uso equivocado do termo “recorde” em previsões do tempo. Segundo ele, é comum que temperaturas máximas ou mínimas do ano sejam tratadas como recordes, mas na verdade, elas representam apenas o maior ou menor valor registrado até aquele momento. Na meteorologia, esse termo é reservado para extremos observados em séries de long prazo de dados, o que torna esses eventos pouco frequentes e raros.

Ele explica que os recordes mais comuns são os mensais ou absolutos, considerando toda a série histórica. É o caso da menor temperatura já registrada em um mês de julho ou da maior temperatura observada em 80 anos de medições de uma estação ao longo de qualquer mês do ano. Apenas em alguns poucos países, como os Estados Unidos, ainda são adotados recordes diários, como o maior volume de chuva ou a menor temperatura registrada em uma data específica.

Dessa forma, os recordes mensais ou absolutos em uma estação são pouco frequentes, já que não é fácil superar o valor extremo máximo de variáveis como chuva ou temperatura em séries históricas que podem chegar a 80, 100, 120 ou até 150 anos de medições.

Quebras Históricas em Apenas Quatro Dias

Em São Paulo, o recorde de calor para o mês de dezembro, antes do fim de ano extremamente quente mais recente, era de 35,6 °C, registrado em 3 de dezembro de 1998. Esse marco permaneceu inalterado por 27 anos.

Porém, durante o dia de Natal, a estação do Instituto Nacional de Meteorologia no Mirante de Santana, localizado na zona Norte e usada como referência para a climatologia da capital paulista, registrou máxima de 35,9 °C, superando o recorde de 1998.

O avanço não parou por aí. A marca durou apenas 24 horas. Na sexta-feira (26), a temperatura máxima no Mirante de Santana alcançou 36,2 °C. No sábado (27), houve um breve alívio, com máxima de 35,5 °C.

Já no domingo (28), os termômetros chegaram a 37,2 °C, quebrando novamente o recorde estabelecido na sexta, que por sua vez havia superado o da quinta-feira. Foram três recordes mensais em apenas quatro dias, para uma marca que não havia sido superada por 27 anos.

Além disso, a máxima registrada no domingo em São Paulo, de expressivos 37,2 °C, ficou a apenas 0,6 °C do recorde absoluto da cidade desde o início das medições, em 1943, que é de 37,8 °C, registrado em 17 de outubro de 2014.

Luiz Nachtigall ainda diz que a probabilidade estatística de São Paulo quebrar um recorde mensal de temperatura três vezes em apenas quatro dias era extremamente baixa, ainda assim, o fenômeno ocorreu.

Esse marco configura um evento muito fora do normal, com um grande desvio e uma anomalia significativa na climatologia histórica da cidade. Ele destaca ainda que, mesmo que seja verão, não é comum que as temperaturas atinjam níveis tão elevados nesse período do ano. Isso porque o verão no Sudeste normalmente corresponde à temporada chuvosa anual. Ou seja, o comum seriam chuvas frequentes e quase que diárias. As temperaturas mais elevadas costumam acontecer no fim do inverno e no início da primavera, fase final da temporada seca anual e que geralmente registram os dias mais quentes do ano no Centro do país.