Investigação sobre Moraes e Banco Master esquenta 2026

Investigação sobre Moraes e Banco Master esquenta 2026

Investigação sobre Moraes e Banco Master esquenta 2026

O senador está mobilizando esforços para coletar assinaturas visando a criação de uma CPI que investigará os possíveis laços entre o ministro do STF e o Banco Master.

O escritório onde trabalha a advogada Viviane Barci de Moraes firmou, em janeiro de 2024, um contrato milionário com o Banco Master, então controlado pelo empresário Daniel Vorcaro, que é suspeito de ser responsável por uma das maiores fraudes bancárias já registradas no país. O contrato previa pagamentos mensais de aproximadamente R$ 3,6 milhões durante 36 meses, totalizando R$ 129 milhões ao longo do período. Estavam incluídos serviços jurídicos de representação do banco junto a órgãos como o Banco Central e a Receita.

Ainda que a remuneração desse contrato incluísse termos curiosos como "um picolé e uma paçoca", o simples fato de ele envolver o escritório de Viviane Barci já seria motivo suficiente para Alexandre de Moraes se declarar impedido de atuar em qualquer causa relacionada ao banco no Supremo Tribunal Federal. Isso porque Viviane é esposa do ministro.

Os valores do contrato vieram à tona acidentalmente, durante a Operação Compliance Zero da Polícia Federal, que resultou na prisão de Vorcaro e na liquidação do banco. A informação sobre esse documento começou a ser usada por opositores e senadores como argumento para solicitar a criação de uma CPI que investigasse se houve conflito de interesses ou favorecimento em relação ao ministro.

Ainda que, até o momento, não existam indícios de que Viviane tenha exercido influência direta sobre as decisões do Supremo, nem registros de atuação específica no Banco Central, uma reportagem publicada recentemente pela colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo, revelou que Moraes procurou o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em pelo menos três ocasiões durante julho deste ano. Uma dessas reuniões foi pessoal.

De acordo com a apuração, na pauta das conversas, estaria a situação do Banco Master, que na época já enfrentava dificuldades e estava envolvido em uma tentativa frustrada de aquisição pelo BRB, uma instituição ligada ao governo do Distrito Federal.

Moraes não teria a autorização necessária para discutir questões relativas ao banco, mesmo que a sua esposa não estivesse relacionada à instituição. O contrato milionário com o escritório dela complica ainda mais a situação, lançando sérias dúvidas sobre a imparcialidade do magistrado, especialmente considerando seu papel de responsável pela condenação dos golpistas de 8 de janeiro, incluindo Jair Bolsonaro.

Em nota à imprensa, Moraes negou que o Banco Master tivesse sido discutido em suas reuniões com Galípolo. Segundo o ministro, "em virtude da aplicação da Lei Magnitsky, recebi para reuniões o presidente do Banco Central, a presidente do Banco do Brasil, o Presidente e o vice-presidente Jurídico do Banco Itaú". Ele também mencionou sua participação em uma reunião conjunta com os Presidentes da Confederação Nacional das Instituições Financeiras, da Febraban, do BTG e os vice-presidentes do Bradesco e Itaú, onde foram discutidos exclusivamente os impactos da aplicação da referida lei, principalmente no que diz respeito à movimentação bancária.

Não houve menção ao Banco Master até o momento.

A oposição, como era de se esperar, argumentará que onde há fumaça há fogo. Essa suspeita levou o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) a iniciar a coleta de assinaturas para criar uma CPI destinada a apurar as relações entre Moraes e o Banco Master. Este pode ser um dos principais focos no ano que se aproxima, especialmente para os bolsonaristas, que desejam ver o crítico da antiga administração em uma posição difícil.