Lula anuncia adiamento do acordo Mercosul e União Europeia
21/12/2025, 22:04:03Lula confirma adiamento do acordo entre Mercosul e União Europeia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou, neste sábado (20), o adiamento da assinatura do acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, bloco formado por Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai, que estava previsto para ocorrer hoje. A declaração ocorreu durante discurso de abertura da 67ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, realizada em Foz do Iguaçu, no Paraná. O encontro marca o fim da presidência brasileira do bloco, exercida durante o segundo semestre de 2025, e que no próximo semestre passa a ser presidida pelo Paraguai.
O adiamento contraria a expectativa de que o tratado fosse assinado ainda neste sábado durante a cúpula, criando assim a maior área de comércio do mundo. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já havia informado na quinta-feira (18) aos líderes europeus reunidos em uma cúpula em Bruxelas, na Bélgica, que a assinatura do acordo com o Mercosul seria adiada. Confira: Assinatura de acordo da UE com Mercosul é adiada para janeiro.
Em seu discurso deste sábado, Lula declarou: “Tínhamos em nossas mãos a oportunidade de transmitir ao mundo mensagem importante em defesa do multilateralismo e de fortalecer nossa posição estratégica em um cenário global cada vez mais competitivo. Mas, infelizmente, a Europa ainda não se decidiu. Líderes europeus pediram mais tempo para discutir medidas adicionais de proteção agrícola”. Segundo ele, agora a expectativa está voltada para que o acordo seja assinado em janeiro.
“Recebi, ontem (19), dos presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Conselho Europeu, António Costa, carta em que ambos manifestam a expectativa de ver o acordo aprovado em janeiro. Sem vontade política e coragem dos dirigentes não será possível concluir uma negociação que já se arrasta por 26 anos. Enquanto isso, o Mercosul seguirá trabalhando com outros parceiros”, contou.
O presidente também esclareceu os motivos que levaram ao adiamento da assinatura do acordo, afirmando que a decisão esteve relacionada a questão da própria União Europeia. Segundo ele, o impasse decorreu de debates internos sobre a distribuição de recursos para a agricultura, e não de uma rejeição ao acordo com o Mercosul. “Todos nós sabíamos a posição da França, histórica. Na última semana surgiu um problema com a primeira-ministra Meloni, da Itália (Giorgia Meloni). Não um problema com um acordo firmado entre Mercosul e União Europeia, mas de um acordo firmado entre a própria União Europeia. A Meloni dizia que a distribuição de verba para a agricultura na União Europeia estava prejudicando a Itália. E ela, então, estava com um problema com os produtores agrícolas. Ela não poderia assinar nesse momento o acordo”, explicou.
Lula também relatou uma conversa telefônica com a primeira-ministra da Itália e afirmou que, apesar da resistência da França, os países europeus seguem comprometidos em avançar com o acordo. "Eu tive uma conversa por telefone com ela (Giorgia Meloni). Ela disse textualmente que no começo de janeiro ela estará pronta para assinar. Se ela estiver pronta para assinar e faltar só a França, segundo a Ursula von der Leyen e o Antonio Costa, não haverá possibilidade de a França, sozinha, não permitir o acordo. O acordo será firmado e eu espero que seja assinado, quem sabe, no primeiro mês da presidência do Paraguai, pelo companheiro Santiago Peña (presidente paraguaio)".
Lula finalizou destacando a importância do texto enviado pela União Europeia: "Gostaríamos de expressar nossa sincera gratidão por sua liderança e por seu firme compromisso pessoal com o relacionamento entre a União Europeia e o Mercosul. Seu engajamento e sua visão foram fundamentais para manter o impulso e a confiança em um momento decisivo para nossa parceria. Gostaríamos de reafirmar nosso compromisso compartilhado com a assinatura do Acordo de Parceria UE–Mercosul e do Acordo Comercial Interino...".