Clínica investigada por registrar mil atendimentos diários em Maceió
21/12/2025, 06:00:58Investigação da Polícia Federal
Polícia Federal apura suspeita de fraude em clínica que declarou 22,7 mil consultas em fevereiro. A investigação destaca a incompatibilidade entre a quantidade de atendimentos lançados e a atuação de um único fisioterapeuta para atender a demanda.
Suspeitas e Indícios
Documentos analisados indicam que a clínica NOT - Núcleo de Ortopedia e Traumatologia, localizada no bairro da Gruta, em Maceió, declarou a realização de 22.752 consultas apenas em fevereiro de 2024, resultando em uma média de 1.137 procedimentos realizados por um único profissional de fisioterapia por dia. De acordo com a investigação, em janeiro e fevereiro de 2024, o NOT contava com apenas um fisioterapeuta para atender a demanda do Sistema Único de Saúde (SUS) em fisioterapia básica. A outra profissional vinculada à clínica, Luciana de Fátima Leite Pontes de Miranda, sócia na empresa Leite Espíndola Ltda., realizava atendimentos de RPG e Pilates. Luciana, que também é esposa do secretário estadual de Saúde, Gustavo Pontes de Miranda, foi afastado do cargo por decisão judicial, e é apontado como líder do esquema milionário. A Polícia Federal afirma que ela teria participação ativa na organização investigada.
Análise Detalhada dos Atendimentos
Considerando o funcionamento da clínica de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, os registros apontam que seria necessário atender cerca de 95 pacientes por hora apenas por uma profissional. Em janeiro de 2024, a clínica também apresentou números elevados, com 19.856 atendimentos registrados, resultando numa média de 83 procedimentos por hora. Em trecho do relatório, a Polícia Federal destaca a incompatibilidade entre a quantidade de atendimentos lançados e a atuação de uma única fisioterapeuta.
Desvio de Recursos Públicos
A investigação aponta que, além da carga de atendimentos registrada, Luciana cursava medicina em Olinda (PE), exercia atividade na Câmara dos Deputados e administrava a própria empresa. Os documentos comprovam pagamentos por sessões de fisioterapia, totalizando R$ 2.314.035,00, correspondendo a 154.269 atendimentos, com uma média de cerca de 22 mil sessões por mês. A Polícia Federal identificou registros de até 17 procedimentos diários para um mesmo paciente, indicando falhas nos mecanismos de auditoria. Na conclusão encaminhada à Justiça, a Polícia Federal afirma que recursos públicos foram utilizados para pagar valores incompatíveis com a capacidade operacional da clínica privada. Desde a divulgação das informações, o jornalismo da TV Asa Branca informou que tenta contato com todos os citados nas reportagens. Até o momento, não houve manifestação das partes mencionadas.