Clínica investigada por registrar mil atendimentos diários em Maceió

Clínica investigada por registrar mil atendimentos diários em Maceió

Investigação da Polícia Federal


Polícia Federal apura suspeita de fraude em clínica que declarou 22,7 mil consultas em fevereiro. A investigação destaca a incompatibilidade entre a quantidade de atendimentos lançados e a atuação de um único fisioterapeuta para atender a demanda.

Suspeitas e Indícios


Documentos analisados indicam que a clínica NOT - Núcleo de Ortopedia e Traumatologia, localizada no bairro da Gruta, em Maceió, declarou a realização de 22.752 consultas apenas em fevereiro de 2024, resultando em uma média de 1.137 procedimentos realizados por um único profissional de fisioterapia por dia. De acordo com a investigação, em janeiro e fevereiro de 2024, o NOT contava com apenas um fisioterapeuta para atender a demanda do Sistema Único de Saúde (SUS) em fisioterapia básica. A outra profissional vinculada à clínica, Luciana de Fátima Leite Pontes de Miranda, sócia na empresa Leite Espíndola Ltda., realizava atendimentos de RPG e Pilates. Luciana, que também é esposa do secretário estadual de Saúde, Gustavo Pontes de Miranda, foi afastado do cargo por decisão judicial, e é apontado como líder do esquema milionário. A Polícia Federal afirma que ela teria participação ativa na organização investigada.

Análise Detalhada dos Atendimentos


Considerando o funcionamento da clínica de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, os registros apontam que seria necessário atender cerca de 95 pacientes por hora apenas por uma profissional. Em janeiro de 2024, a clínica também apresentou números elevados, com 19.856 atendimentos registrados, resultando numa média de 83 procedimentos por hora. Em trecho do relatório, a Polícia Federal destaca a incompatibilidade entre a quantidade de atendimentos lançados e a atuação de uma única fisioterapeuta.

Desvio de Recursos Públicos


A investigação aponta que, além da carga de atendimentos registrada, Luciana cursava medicina em Olinda (PE), exercia atividade na Câmara dos Deputados e administrava a própria empresa. Os documentos comprovam pagamentos por sessões de fisioterapia, totalizando R$ 2.314.035,00, correspondendo a 154.269 atendimentos, com uma média de cerca de 22 mil sessões por mês. A Polícia Federal identificou registros de até 17 procedimentos diários para um mesmo paciente, indicando falhas nos mecanismos de auditoria. Na conclusão encaminhada à Justiça, a Polícia Federal afirma que recursos públicos foram utilizados para pagar valores incompatíveis com a capacidade operacional da clínica privada. Desde a divulgação das informações, o jornalismo da TV Asa Branca informou que tenta contato com todos os citados nas reportagens. Até o momento, não houve manifestação das partes mencionadas.