Israel investe na tecnologia de reabilitação e saúde

Israel investe na tecnologia de reabilitação e saúde

Israel, a nação da reabilitação

Miriam Sanger, de Israel. A guerra deixou como legado 2 mil pessoas com membros amputados. Israel tornou-se conhecido como a startup nation (termo que pode ser traduzido de diferentes formas; particularmente, gosto de "a nação da inovação") em 2009, após a publicação de um livro com esse título. Seus autores, Dan Senor e Saul Singer, descreveram nele as características que haviam levado o país a se tornar um ícone da inovação no mundo.

Não importa qual seja a situação que Israel enfrente — violentos embates políticos, eleições desastrosas, guerras e outros perrengues —, essa vocação não apenas persiste como continua se fortalecendo ano a ano. Há muitas explicações para esse fenômeno, entre elas a que expressa bem uma particularidade dos israelenses: a capacidade de transformar a necessidade em solução, a carência em alarme, a dor em invenção.

O mais bacana é que as tecnologias criadas — seja na área médica, de segurança, de agricultura ou em qualquer outro setor — acabam se convertendo em produtos e serviços utilizados por toda a humanidade.

Saldo da guerra

Israel foi obrigado a enfrentar várias guerras desde a sua fundação, em 1948. O impacto acumulado desses conflitos na saúde mental e física da população é óbvio e exige atenção especial. Esse é, sem dúvida, o mais cruel entre os impactos da longa guerra entre Israel e Gaza. Não bastasse a implicação psíquica — mais de 50% dos israelenses relatam sintomas de pós-trauma —, há também a física: 2 mil israelenses, entre civis e militares, foram submetidos à amputação e precisam de próteses para se manterem operantes. Esse contingente soma-se a outros 18 mil já existentes.

Para eles, Israel acaba de fundar a primeira Escola de Próteses e Ortóteses (aparelhos usados para dar suporte, corrigir ou auxiliar no alinhamento e no movimento de partes do corpo). Neste momento inicial, o objetivo é eliminar um gap importante na capacidade de atendimento: o país estava despreparado para enfrentar uma crise de reabilitação dessa magnitude. A intenção, no entanto, é que essa iniciativa seja parte de um projeto mais amplo, destinado a transformar Israel na rehabilitation nation (nação da reabilitação), por meio da construção de infraestrutura, do desenvolvimento de expertise e do fortalecimento da capacidade técnica de inovação nesse setor. A proposta inclui o uso de materiais diferenciados e tecnologia computadorizada de ponta, entre outros quesitos. A escola, criada em parceria com a Universidade Ben-Gurion, fica localizada no sul do país.

Algumas palavras sobre Sydney

É impossível não escrever algumas linhas sobre o atentado antissemita em Sydney, na Austrália, neste último domingo. Em apenas sete minutos, pai e filho (sem comentários sobre o que significa quando uma família se une para matar) fizeram 15 vítimas fatais e feriram a tiros mais de 40 pessoas (muitas ainda correm risco de morte) entre as 1 mil que estavam em uma praia, no começo da noite, para acender velinhas e celebrar Chanucá, festa judaica conhecida como a Festa das Luzes.

Naquela noite, no entanto, faltou luz à humanidade. Faltou respeito pela vida humana. Sobrou escuridão. O governo da Austrália, que há dois anos abandonou sua numerosa comunidade judaica — cerca de 117 mil pessoas —, acabou se deixando capturar pelo extremismo em um movimento calculado e eleitoreiro. Tudo indica que a igualdade e a preservação dos direitos humanos não são o que busca o governo liberal de Anthony Albanese, mas sim votos que o mantenham no poder — venham eles de onde vierem.

Neste domingo, a Austrália, que já dava mostras de ter se entregado à onda islamista que varre a Europa, passa agora a integrar a fila de países que perderam o controle sobre suas populações. O que é triste, muito triste, para um país que um dia foi conhecido pelo termo "lucky country".