Gerente de necrotério é condenado por vender partes de corpos

Gerente de necrotério é condenado por vender partes de corpos

Condenação por tráfico de restos humanos

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou que Cedric Lodge, de 58 anos, e Denise Lodge, de 65, residentes de Goffstown, no estado de New Hampshire, foram condenados na terça-feira (16) por seu papel no transporte interestadual de restos humanos roubados. A sentença, proferida pelo juiz-chefe federal Matthew W. Brann, ocorreu no Distrito Médio da Pensilvânia. Cedric Lodge foi condenado a 96 meses (oito anos) de prisão, enquanto Denise foi sentenciada a 12 meses e um dia de reclusão.

Esquema ilegal revelado

Ambos estavam envolvidos em um esquema ilegal de venda e envio de partes de corpos humanos que haviam sido doados à ciência. De acordo com o procurador federal Brian D. Miller, entre 2018 e pelo menos março de 2020, Cedric Lodge participou ativamente da venda e transporte de restos humanos furtados do necrotério da Faculdade de Medicina de Harvard, em Boston, Massachusetts.

Na época, Lodge era gerente do necrotério e realizava a retirada de órgãos e partes de cadáveres doados, como cérebros, pele, mãos, rostos e cabeças dissecadas, antes de serem descartados conforme o acordo de doação assinado entre os doadores e a universidade.

Vendas ilegais e implicações

Os restos humanos eram levados para a casa dos Lodge em New Hampshire, onde o casal os vendia ilegalmente. As partes eram enviadas a compradores em outros estados pelos Correios dos Estados Unidos ou eram retiradas pessoalmente pelos compradores, que realizavam o transporte. As remessas foram enviadas para lugares como Salem, em Massachusetts, além de cidades em New Hampshire e na Pensilvânia.

Entre os compradores estavam Joshua Taylor e Andrew Ensanian. Parte do material adquirido era revendida com lucro, incluindo para Jeremy Pauley, que já se declarou culpado por conspiração e transporte interestadual de restos humanos roubados. A sentença de Pauley está agendada para o dia 22 de dezembro de 2025.

Impacto e Justiça

De acordo com o inspetor Christopher Nielsen, chefe da Divisão da Filadélfia do Serviço de Inspeção Postal dos EUA, o caso revela a gravidade do crime. "O tráfico de restos humanos roubados por meio do serviço postal é um ato perturbador, que vitimiza famílias enlutadas e ainda cria riscos potenciais para funcionários e clientes dos Correios", afirmou.

O agente especial Wayne A. Jacobs, responsável pelo escritório do FBI na Filadélfia, também expressou a importância das sentenças. "Este é mais um passo para garantir que aqueles que planejaram e executaram esse crime hediondo sejam levados à Justiça", declarou, ressaltando a cooperação entre o FBI, o Serviço de Inspeção Postal e o Ministério Público.

Réus envolvidos no esquema

Outros réus ligados ao esquema já se declararam culpados, incluindo Joshua Taylor, Andrew Ensanian, Matthew Lampi, Katrina Maclean e Angelo Pereyra. Enquanto Lampi foi condenado a 15 meses de prisão, Pereyra recebeu uma pena de 18 meses e Taylor ainda aguarda sua sentença.

Investigação abrangente

O caso ainda envolveu Candace Chapman-Scott, que furtou restos humanos de um crematório no estado do Arkansas, onde trabalhava, para vendê-los a Pauley, na Pensilvânia. Ela se declarou culpada em tribunal federal do Arkansas e foi condenada a 15 anos de prisão. A investigação contou com o trabalho conjunto do FBI, do Serviço de Inspeção Postal dos Estados Unidos e do Departamento de Polícia de East Pennsboro Township. A promotora federal assistente Alisan Martin é a responsável pela acusação.