A Exploração do Crime Organizado no Brasil
13/12/2025, 09:01:14Introdução ao Tema
Coronel Paganotto, colunista do iG, é um profissional com mais de três décadas dedicadas à segurança pública. Sua formação começou na Escola de Cadetes do Exército e continuou na Academia Militar do Barro Branco. Ele possui significativa experiência no comando de patrulhamento tático e territorial nas zonas sul e norte de São Paulo, além de passagens por unidades de elite como a ROTA (por cinco anos), o Comando de Operações Especiais e uma missão de dois anos no sistema prisional. Ao longo de 12 anos, liderou o Policiamento Rodoviário no litoral paulista e na rodovia Anchieta-Imigrantes. É Doutor em Ciências de Segurança Pública e Bacharel em Direito com especialização em Processo Penal. Em 2025, ele assumiu a Secretaria de Segurança Pública do Município de Monte Mor - SP.
Um Olhar Sobre a História
A afirmação de que o Brasil foi colonizado por criminosos oriundos de Portugal é um mito que já foi refutado por diversos historiadores, que consideram que a maioria dos desbravadores era composta por religiosos, militares, fidalgos e comerciantes. No entanto, mesmo em menor número, é inegável que os degredados também estavam presentes nas expedições. Este contexto é refletido em um ditado popular que sugere que “uma única maçã podre pode estragar toda a cesta”. Nos travesseiros dos fidalgos e comerciantes, havia sonhos de fortuna às custas da exploração dos menos favorecidos, e assim, no caldeirão que formaria nossa nação, as 'maçãs podres' se uniram aos ambiciosos predadores da terra promissora.
Desafios da Segurança Pública Hoje
É recorrente que nas discussões atuais sobre segurança pública, alguns assuntos que parecem evidentes se tornem clichês nas falas de políticos e gestores: “criminosos precisam cumprir penas justas no regime fechado”. Para nações desenvolvidas, é praticamente sem sentido que tais questões ainda sejam debatidas. Com frequência, o Brasil produz conteúdos sangrentos e se transforma em um palco de vítimas de crimes bárbaros que, por sua vez, geram conteúdo para séries de streaming que transformam vilões em celebridades.
Durante a formação policial de Coronel Paganotto, ele participou de uma palestra com um magistrado italiano que relatou sua experiência de sucesso no combate à máfia. O magistrado explicou que as lideranças mafiosas não apenas se dedicavam a atividades ilegais, mas também se ramificavam em atividades lícitas para lavar dinheiro e elevar seu prestígio social. Os gângsters, disfarçados de cidadãos respeitáveis, esforçavam-se para garantir a origem dos recursos e preservar sua reputação.
A Realidade das Organizações Criminosas no Brasil
No Brasil contemporâneo, as organizações criminosas já se instalaram em diversos nichos, como: combustíveis, bebidas, cigarros, falsificação de produtos, cargas, drogas e transportes. Entretanto, essas organizações criminosas não se preocupam em tentar enganar a opinião pública, mantendo a aparente honestidade de seus negócios. A impunidade, que se torna um fardo na terra prometida, já expôs os limites da sacanagem. Mesmo nas atividades que deveriam ser isentas de desconfiança, existe uma busca voraz por lucro, ferindo aqueles que trabalham arduamente por pequenos ganhos.
Conclusão
A certeza é de que as naus continuam desembarcando com degredados, comerciantes e fidalgos, imbuídos da intenção de explorar de maneira brutal todas as oportunidades dessa terra prometida. É urgente que essa realidade seja confrontada, promovendo uma reflexão profunda sobre o nosso compromisso com a justiça e a segurança pública.