Seria justo se falar ou escrever defendendo uma cidade pior?
10/12/2025, 08:33:53O óbvio nos mostra que nenhuma administração é perfeita. Mas quando somente se ataca ao governo e não se prova que foi melhor, é a prática do discurso vazio. Erros e falahas sempre fizeram e farão parte dos governos. Mas quem foi pior, e muito pior, somente pode agredir.
Em tempos de disputas políticas acirradas, paixões locais inflamadas e narrativas construídas conforme a conveniência de cada grupo, surge uma pergunta incômoda –– e que merece reflexão séria: seria justo falar ou escrever defendendo uma cidade pior? Ou seja, seria correto adotar discursos que enfeitam a realidade, maquiam problemas ou defendem retrocessos como se fossem avanços?
A resposta, embora pareça simples, exige maturidade: não é justo, nem ético, nem útil para o povo.
A cidade é a verdade coletiva
Uma cidade não pertence a políticos, partidos ou grupos privilegiados. Ela pertence ao seu povo, que sente diariamente os efeitos das boas ações e, principalmente, das más decisões. Quando alguém defende uma cidade pior, está, na prática, defendendo o sofrimento do próprio cidadão que precisa de saúde funcionando, ruas conservadas, emprego, segurança e respeito.
Criar discursos fantasiosos sobre uma cidade que se deteriora é como elogiar o médico que não cura, o gestor que não entrega ou o governante que promete e não realiza. Pior: é contribuir para que o problema permaneça, porque toda mentira bem contada funciona como uma anestesia perigosa — ela tira a dor, mas não cura a doença.
A crítica responsável é um ato de amor
Defender a cidade não é esconder falhas: é expô-las com coragem, responsabilidade e propósito. Muitas vezes, os que mais amam sua terra são aqueles que levantam a voz contra o abandono, a corrupção e a má gestão.
Falar a verdade incomoda — mas transforma.
Inventar elogios conforta — mas destrói.
O debate público só evolui quando existe honestidade nas palavras. Um jornalista que romantiza ruínas trai sua função. Um líder político que pinta um paraíso onde há descaso engana o eleitor. Um cidadão que repete narrativas falsas se torna cúmplice, mesmo sem perceber.
O compromisso com o futuro exige integridade
Uma cidade só melhora quando seus problemas são reconhecidos. Cada rua esburacada negada, cada hospital sucateado ignorado, cada obra inacabada justificada com desculpas vazias significa anos de atraso para quem vive ali.
Por isso, não é justo defender uma cidade pior, porque isso significa:
defender menos oportunidades;
defender menos dignidade;
defender menos qualidade de vida;
defender um presente sofrido e um futuro amputado.
Conclusão: a cidade que queremos nasce da coragem que temos
Escrever ou falar com honestidade sobre a realidade local não é pessimismo: é compromisso. É maturidade cívica. É respeito ao povo. Só melhora quem reconhece o que precisa ser melhorado.
Defender a verdade, mesmo quando ela dói, é o primeiro passo para defender a cidade que pode ser melhor e que o povo merece que seja melhor.
Porque amar uma cidade é desejar o seu progresso — nunca proteger seu atraso.