Glauber Braga e a Crise da Democracia Brasileira
10/12/2025, 09:15:38Glauber Braga na dança da cadeira da democracia
A disputa pela cadeira da câmara revela mais que um conflito: escancara a paralisia política e a transformação da democracia em teatro pitoresco
O rolo do deputado Glauber Braga sendo arrancado da cadeira da presidência da Câmara virou mais uma cena do teatro político brasileiro. Ele queria mostrar uma incoerência real: meses atrás, quando bolsonaristas ocuparam o mesmo espaço, saíram quase de mãos dadas com a Mesa Diretora. Já com ele, foi polícia, força e transmissão cortada. Pra piorar, até um cinegrafista da GloboNews foi tirado do plenário. Como se filmar fosse mais incômodo que o próprio caos. O ponto dele faz sentido, a diferença de tratamento é gritante. Mas a forma escolhida abre outra discussão. Porque o Brasil vive um fenômeno curioso: em vez de resolver a lentidão da democracia, nossos políticos transformaram a lentidão em método. A cadeira, que deveria simbolizar comando, virou símbolo de inércia. Sentar pra travar os trabalhos virou performance de protesto. E de tabela, reforça o problema que se queria denunciar. Em vez de acelerar discussões importantes, param-se sessões inteiras por gestos que rendem vídeo, indignação e manchete, mas quase nenhuma política pública. A cena é clara: ele agarrado na mesa, aliados tentando segurar, policiais puxando. Parece que algo grande tá acontecendo… mas não tá. É só mais um vídeo viral empurrado como se fosse histórico. Na prática, entretenimento pago com verba pública pra você assistir no celular. E aí, o Legislativo vira sala de espera: deputados brigam pela cadeira, enquanto o país fica em pé, segurando a senha e esticando o pescoço pra ver a treta de um ângulo melhor. Esse episódio fala menos de Glauber e mais do sistema: uma democracia já lenta que agora precisa lidar com parlamentares que literalmente sentam em cima da pauta pra provar um ponto. O gesto tem valor simbólico, mas quando vira rotina só alimenta a paralisia. O recado ao público, mesmo sem querer, é o pior possível: seja qual for o lado, ninguém parece com pressa de levantar da cadeira. Muito menos de trabalhar de verdade.