Como ocorreu o assalto à Biblioteca Mário de Andrade
10/12/2025, 09:19:13O relato da vigia sobre o assalto
Uma vigia que trabalhava na Biblioteca Mário de Andrade, no Centro de São Paulo, contou como foi a ação dos criminosos durante o assalto ocorrido na manhã do último domingo (07). Segundo ela, a abordagem começou por volta das 10h20, quando foi surpreendida por um homem armado enquanto estava em seu posto de trabalho.
De acordo com a funcionária, o suspeito pediu que ela guardasse o celular, mostrou a arma e anunciou o assalto. “Ele disse que não era nada pessoal, que só queria as obras de arte, e pediu que eu o acompanhasse até a área da exposição, enquanto o outro ficava observando o ambiente”, relatou a vigia em entrevista ao SP1, da TV Globo.
Dinâmica do crime
Ainda segundo o relato, ao chegar ao espaço onde estavam as gravuras de Candido Portinari, o criminoso retirou um martelo da mochila e tentou quebrar a cúpula de vidro que protegia as obras da série “Menino de Engenho”. “Ele tentou quebrar com o martelo, não conseguiu e então subiu em cima. A estrutura cedeu com o peso”, contou a funcionária. Cinco das sete gravuras expostas foram levadas.
Os quadros da série “Jazz”, do artista Henri Matisse, que estavam fixados em uma parede, também foram arrancados à força. “Deu até um pouco de trabalho”, relatou a vigia. Um casal de idosos que estava no local no momento da ação também foi rendido pelos assaltantes.
Depois do assalto
Os criminosos utilizaram uma arma de fogo, um martelo e uma bolsa de lona para recolher as obras. Após o roubo, a dupla deixou a biblioteca pela porta da frente e caminhou até uma esquina a menos de 200 metros do local, onde uma van já estava estacionada para a fuga. O veículo foi abandonado posteriormente.
Uma pessoa foi presa por envolvimento no assalto. Felipe dos Santos Fernandes Quadra, de 31 anos, foi localizado em uma residência na Mooca, na Zona Leste da capital.
Investigação em andamento
Para evitar que as peças deixem o país, a Prefeitura de São Paulo acionou a Interpol, por meio da Polícia Federal. O caso é investigado pela 1ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco). Câmeras do sistema Smart Sampa registraram toda a movimentação dos suspeitos. As imagens mostram que, durante a fuga, os criminosos trocaram de roupas, abandonaram um carro e chegaram a descartar temporariamente parte dos quadros em uma esquina da região central, depois que um dos envolvidos se assustou ao confundir a aproximação de um veículo com uma viatura.
Em seguida, as obras foram recolhidas novamente e transportadas a pé, chegando a atravessar a Avenida Nove de Julho. Até o momento, nenhuma das obras havia sido recuperada.