Onde vai parar a “Guerra Congresso versus STF” por Impeachment?
06/12/2025, 03:30:54Tensionamento ou Cabo de Guerra não deixará ambos em pé. Afinal, a queda diante da sociedade politizada levará ao desgaste dos dois. E 2026 VEM AÍ...
A tensão que se instalou entre o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal parece ter ultrapassado o estágio de mero embate institucional. O que antes se interpretava como disputas pontuais por protagonismo político tornou-se, ao longo dos últimos anos, um confronto aberto, alimentado por desconfianças, ressentimentos e uma disputa pela narrativa dominante sobre quem realmente detém a última palavra na República. Hoje, a pergunta que se impõe é inevitável: onde vai parar essa “guerra” que gira, sobretudo, em torno da pauta do impeachment de ministros?
Uma democracia em modo confrontativo
A Constituição de 1988 instituiu um regime de freios e contrapesos que pressupõe diálogo, prudência e respeito mútuo. Contudo, quando o Legislativo e o Judiciário deixam de agir como contrapesos e passam a enxergar um ao outro como inimigos, o sistema dá sinais de fadiga. O Congresso, pressionado por parcelas do eleitorado que veem excessos no Supremo, utiliza a ameaça de impeachment como instrumento de pressão política. Já o STF, frequentemente provocado a decidir temas sensíveis – muitos deles abandonados pelo próprio Legislativo –, acaba se expondo como protagonista, alimentando a percepção de interferência.
O impeachment como arma política
O impeachment de ministros do Supremo sempre existiu como previsão constitucional, mas nunca como ferramenta cotidiana. Nos últimos anos, porém, tornou-se bandeira de grupos políticos que enxergam no Judiciário um obstáculo a seus projetos. A cada decisão polêmica de um ministro, multiplicam-se pedidos de impedimento que, embora quase sempre juridicamente frágeis, são politicamente ruidosos.
O perigo é transformar um mecanismo excepcional em instrumento banal. Quando tudo vira motivo para derrubar um ministro, nada mais é motivo sério. A banalização da crise cria outra crise: a de credibilidade das instituições.
Congresso x STF: disputa por território
Por trás do discurso, há um pano de fundo mais profundo: a definição dos limites de cada poder.
O Congresso acusa o Supremo de legislar no lugar dele.
O STF acusa o Congresso de omissão deliberada.
A sociedade, no meio desse fogo cruzado, observa perplexa o aumento do ruído institucional.
Cada decisão judicial contrária a interesses políticos vira munição para discursos inflamados. Cada investigação que atinge parlamentares reacende teorias de retaliação. E cada proposta legislativa que tenta redimensionar o poder do Judiciário é percebida como ameaça.
O risco de ruptura não é teatral
Embora o Brasil tenha instituições resilientes, nenhum sistema resiste indefinidamente a choques repetidos. O desgaste contínuo cria um ambiente de excepcionalidade permanente, no qual a normalidade democrática se torna frágil. Basta um erro estratégico, um cálculo malfeito ou um episódio de alta tensão para transformar atrito em crise real.
Os que apostam na escalada esquecem que guerras institucionais nunca têm vencedores – apenas sobreviventes enfraquecidos.
Para onde vamos?
Há três cenários possíveis:
Recuo estratégico e reconstrução do diálogo – Caso líderes políticos e ministros do STF retomem uma postura de autocontenção, é possível reduzir o calor e reinstitucionalizar o debate. É a saída madura, porém a menos provável no curto prazo.
Normalização da tensão crônica – A crise se mantém, mas sem ruptura. O país segue em “modo turbulento”, vivendo de sobressaltos, com ameaças de impeachment usadas como moeda de troca e decisões judiciais cada vez mais contestadas.
Escalada para uma crise institucional grave – O cenário mais perigoso, no qual um lado resolve testar os limites definitivos da Constituição. Basta uma faísca para virar incêndio.
A pergunta final
O Brasil já viveu choques entre poderes antes, mas nunca com a intensidade multiplicada pelas redes sociais, pela polarização eleitoral permanente e por uma imprensa pressionada por narrativas instantâneas. O risco, hoje, não está apenas na disputa; está no clima emocional da política.
A “guerra” entre Congresso e STF tende a seguir enquanto ambos enxergarem o conflito como estratégia de sobrevivência, e não como ameaça à própria República.
E onde vai parar?
Provavelmente no mesmo destino de toda guerra institucional: um acordo tardio, depois de danos que poderiam ter sido evitados. Mas ainda há tempo – se houver responsabilidade – de trocar armas por diálogo e transformar a crise em lição, não em cicatriz permanente.