Michelle Bolsonaro critica apoio a Ciro Gomes e expõe racha na direita
02/12/2025, 13:03:35Conflito na Base Bolsonarista
Michelle Bolsonaro desautorizou as negociações do PL para apoiar Ciro Gomes no Ceará, defendendo a união em torno de Eduardo Girão. Essa postura expôs abertamente divergências na base bolsonarista e gerou críticas significativas de Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro. Eles afirmaram que o acordo com Ciro tinha o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A ex-primeira-dama e deputada estadual Michelle Bolsonaro (PL) foi à Fortaleza, no último domingo (30), para participar do lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo) ao Governo do Ceará. A presença dela no evento acarretou constrangimento entre os líderes bolsonaristas no estado, uma vez que sua declaração foi categórica: a aproximação do PL com Ciro Gomes era um movimento precipitado.
Durante seu discurso, Michelle destacou que a direita deve se unir em torno do nome de Girão, que está em oposição ao governador Elmano de Freitas (PT), atual candidato à reeleição. "Tenho orgulho de vocês, mas fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita, isso não dá. Nós vamos nos levantar e trabalhar para eleger o Girão. Essa aliança vocês se precipitaram em fazer", afirmou durante o ato político, referindo-se a parlamentares presentes.
Reações de Líderes Bolsonaristas
Contrariando a ex-primeira-dama, o deputado federal André Fernandes (PL) se manifestou após o evento, criticando a posição de Michelle e afirmando que o acordo com Ciro Gomes contava com o respaldo de Jair Bolsonaro. Segundo Fernandes, numa reunião que ocorreu em 29 de maio, Bolsonaro teria inclusive falado ao telefone com Ciro, sinalizando apoio à sua candidatura ao governo.
O deputado ressaltou que a estratégia do PL incluía manter um posicionamento discreto de Bolsonaro em relação à aliança com o ex-adversário. Porém, Michelle não hesitou em se opor a essa ideia, o que gerou um clima de tensão entre os aliados.
No dia seguinte, o senador Flávio Bolsonaro criticou Michelle, acusando-a de agir de forma autoritária e constrangedora durante o ato político. "Michelle atropelou o próprio presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento do deputado André Fernandes no Ceará. A forma como ela se dirigiu a ele, que talvez seja nossa maior liderança local, foi autoritária e constrangedora", lamentou Flávio em uma declaração ao jornal O Povo.
Os irmãos de Flávio, Eduardo e Carlos, também endossaram a crítica, argumentando que a posição de Michelle não condizia com a liderança do pai. Carlos Bolsonaro, por sua vez, pediu unidade: "Temos que estar unidos e respeitando a liderança do meu pai, sem deixar nos levar por outras forças!".
Contexto Político
As articulações para uma possível aliança entre o PL e Ciro Gomes começaram em maio, quando o ex-ministro sinalizou a disposição para uma candidatura ao governo e articulou apoio à candidatura do deputado estadual Alcides Fernandes (PL) para o Senado. Desde então, as conversas têm progredido, mas a oposição de Michelle Bolsonaro trouxe uma nova dimensão ao conflito.
O cenário político no Ceará segue em ebulição, com a disputa pelo governo estadual se intensificando e as alianças se configurando sob tensões e desentendimentos entre os bolsonaristas.