Pesquisa revela invisibilidade da população negra no consumo

Pesquisa revela invisibilidade da população negra no consumo

Desafios enfrentados pela população negra no consumo

Uma pesquisa nacional acabou de confirmar aquilo que moradores de Paraisópolis e das periferias brasileiras vivem todos os dias: a população negra segue enfrentando racismo e exclusão até nos espaços mais comuns do cotidiano, como supermercados, lojas, shoppings e farmácias. O estudo "O Consumo Invisível da Maioria", produzido pelo Instituto DataRaça, Market Analysis e Instituto Akatu, entrevistou mil pessoas negras em todo o país e trouxe resultados alarmantes.

Mais de 34% afirmam ter sofrido discriminação ao tentar comprar produtos ou contratar serviços no último ano. Nas regiões periféricas, essa sensação é ainda maior. Para quem vive a realidade da quebrada, os números têm nome e endereço. Moradores relatam olhares desconfiados em lojas de bairros nobres, abordagens indevidas em mercados e até ausência de produtos adequados — como cosméticos específicos para cabelos crespos ou maquiagens para tons de pele mais escuros.

A pesquisa também revelou que 71,9% das situações de racismo são sutis, o que dificulta denúncias e aprofunda o desgaste emocional. "Às vezes não é o que a pessoa fala, é o jeito que te acompanha, a forma como te mede dos pés à cabeça", relata Renata Silva, moradora de Paraisópolis.

Apesar do cenário preocupante, o estudo mostra que o consumidor negro está mais ativo. Mais de um terço já premiou marcas comprometidas com inclusão racial, enquanto 24% puniram empresas racistas. Esse comportamento, segundo especialistas, pode transformar a economia e pressionar empresas a agir com mais responsabilidade.

Para Paraisópolis, onde comércio e serviços crescem diariamente, o tema é urgente. A pesquisa reforça que inclusão não é apenas uma pauta moral — é também uma oportunidade de desenvolvimento para marcas que desejam se conectar com a maioria da população brasileira.