E a novela continua: quem será, de fato, o candidato?
14/11/2025, 04:36:49Um faz papel de João Bobo - tanto bate quanto apanha - enquanto o outro deseja se impor para tomar mais de 15 mil de diferença.
A política alagoana — e, em especial, a municipal — parece ter incorporado de vez o espírito das novelas brasileiras. Capítulos longos, enredos que se arrastam, personagens que somem e reaparecem com motivações improváveis, e, claro, o suspense final que nunca entrega o desfecho na hora certa. Quem acompanha os bastidores tem a sensação constante de déjà-vu: promessas, recuos, alianças improvisadas, pesquisas vazadas “por acaso” e aquelas conversas de corredor que valem mais que pronunciamentos oficiais.
Agora, o capítulo da vez gira em torno da pergunta que todos repetem como mantra: quem será, de fato, o candidato? Porque nomes não faltam — o que falta é coragem, estratégia ou, em alguns casos, votos mesmo.
O teatro dos ensaios gerais
Há um bom tempo, um menor aprendiz de político entra em cena, testa sua fala, mede a temperatura da plateia, e até perdura antes que a luz caia em cima de suas contradições. Uns lançam-se pré-candidatos para negociar melhor o futuro; outros fingem que não querem, mas querem — e muito. Há ainda os que desejam, mas fingem prudência, como se a população ainda comprasse o discurso de “chamado do povo”.
E no meio disso, os protagonistas tradicionais fazem caras e bocas, deixando a imprensa e os aliados tentando adivinhar se o roteiro mudou ou apenas o figurino. Parecendo até a corrida de vaquejada. Um é o bate-esteira e o outro o protagonista.
O jogo de interesses
Para 2026 o que está em jogo não é só a cabeça da chapa. É o domínio de 2028 com espaços, verbas, secretarias, palanques futuros e a manutenção de grupos que não querem perder o pé no poder. A pergunta “quem será o candidato?” é, na verdade, a versão educada de outra: quem vai controlar o próximo ciclo político?
E como toda novela, o autor — ou melhor, os articuladores — sabem exatamente que o suspense mantém todos presos à trama.
Se anunciam cedo demais, queimam a expectativa. Se demoram demais, perdem o timing. E é nessa corda bamba que a política local parece se equilibrar, dia após dia, com novas fotos de velhos momentos que não voltam mais.
Os bastidores como laboratório
Enquanto o público especula, os bastidores fervem. Um articula para ser o escolhido; outro conspira para substituir o concorrente que não avança um centímetro; outros apenas aguardam o erro alheio para surgir como “solução consensual”.
E não faltam rumores: “hoje decide”, “amanhã anuncia”, “já está fechado”, “vai mudar tudo”… até que chega o dia seguinte e nada acontece.
Clássico das incertezas
A verdade é que, como toda boa novela, o último capítulo só vai ao ar quando não houver mais como esticar a trama. Até lá, seguiremos assistindo aos mesmos personagens repetirem variações do mesmo discurso: “estamos conversando”, “o projeto é coletivo”, “o grupo é quem decide”.
Enquanto isso, a população, que não escreve roteiros nem faz composições nebulosas, continua à espera do básico: saber quem realmente pretende ser o candidato e com quais ideias, e não apenas com qual padrinho político.
Até lá… próximo capítulo amanhã
E assim segue a novela política: atores em teste, figurantes querendo virar protagonistas – os comentaristas do caos, e roteiristas reescrevendo cenas em cima da hora.
Quem será o candidato?
A pergunta segue no ar, confundindo uma pífia audiência, especulação e muitos capítulos ainda por vir.
Porque, no fim, a política local descobriu que nada prende mais atenção do que uma novela bem montada — mesmo que faltem votos para um conteúdo tão pobre de encenação.