Reflexão sobre o poder e a ética no Brasil

Reflexão sobre o poder e a ética no Brasil

Quando o porco domina o castelo

Quando o porco domina o castelo, ele não se transforma em rei; é o castelo que vira um chiqueiro.
A armadilha de nossa era está na aparência substituir a essência, o poder se travestir de farsa e a nobreza do espírito ser ridicularizada por quem confunde vulgaridade com autenticidade.
Recentemente, ouvi nas redes sociais uma frase, de autoria desconhecida, que me fez parar para pensar: "Quando o porco domina o castelo, ele não se transforma em rei; é o castelo que vira um chiqueiro."
Realmente, este é um daqueles pensamentos satíricos que carregam profunda lucidez e impressionante realidade.
Lembrei-me, do "porco" de Orwell, símbolo da degeneração do ideal revolucionário comunista, arquétipo universal do poder degradado, ressignificado como metáfora da corrupção moral e institucional.
A Revolução dos Bichos, obra de George Orwell publicada em 1945, é uma das mais poderosas fábulas políticas do século XX. À primeira vista, parece uma simples história sobre animais que se revoltam contra seus donos humanos; porém, é uma sátira sobre o totalitarismo e a corrupção do poder numa alegoria da Revolução Russa de 1917 e da posterior ditadura stalinista na União Soviética, que, na pessoa física do genocida, estima-se a responsabilidade por 20 milhões de mortes.
Essa metáfora revela o que acontece quando o poder cai nas mãos de quem não tem grandeza moral nem preparo intelectual para exercê-lo.
O castelo, símbolo da realeza e da autoridade legítima, não se eleva pelo novo ocupante; ao contrário, rebaixa-se ao nível de quem o corrompe.
A luz que irradia do castelo se apaga pelo obscurantismo.
O porco, aqui entendido como figura simbólica da imundície moral, não aprende as virtudes do trono; ao contrário, suja o trono com lama.
Não me refiro a ninguém em particular, nem pretendo ofender; apenas quero destacar a todos que o nosso castelo é o Brasil. O presente texto não é um libelo partidário, mas um manifesto ético pela manutenção dos valores republicanos.
A reflexão é que, quando o castelo é dominado pelo porco, ele passa a cheirar mal, e viver nele se torna insuportável pelo fedor, pela sujeira e pela falta de higiene ética. O Brasil não merece essa experiência.
Não é certo assistirmos ao assalto das instituições por oportunistas e corruptos que confundem autoridade com autoritarismo e liberdade com licença para a ilegalidade e o locupletamento.
Não podemos aceitar viver sob atmosfera institucional em que a mentira adquire status de narrativa, a impunidade se traveste de esperteza, assim como, o mérito e o sucesso são hostilizados como se fossem pecados.
O castelo da República, que deve abrigar os guardiões da legalidade, da verdade e da honra, não pode ser ocupado pelos porcos da demagogia, da corrupção e do populismo rasteiro.
Não podemos ceder ao desalento. O destino de uma nação não é escrito apenas pelos que a degradam, mas também, e sobretudo, pelos que resistem e a edificam.
Cabe a nós, cidadãos conscientes e de bem, sustentar permanentemente os pilares da ética e da constitucionalidade no Estado Democrático de Direito.
Agir, neste contexto, não significa apenas protestar: significa cultivar valores, proteger nossas famílias, educar nossos filhos, trabalhar honestamente, votar com discernimento e cobrar coerência entre o discurso e a prática.
Sempre é hora de limpar e zelar pelo castelo. Para isso, quando é o caso, não basta trocar o ocupante, é preciso remover a lama, reforçar os alicerces e restituir o espírito de dignidade que o ergueu.
A nação e a sociedade civil não podem perder o sentido de serviço e grandeza, virtudes que não se aprendem em slogans, mas se conquistam com patriotismo, honra e virtude.
É pela vigilância cívica, postura adequada e amor pelo Brasil que se impede que o trono da liberdade, da democracia e da probidade se converta em chiqueiro.
O Brasil não precisa de reis, mas de cidadãos que ajam como guardiões do nosso castelo chamado Pátria!