Igualar facções a terrorismo pode prejudicar investigações
08/11/2025, 00:32:21Equiparação de facções e implicações nas investigações
“A mera transformação de facção criminosa violenta em terrorismo vai fazer com que os processos criminais dessas ações migrem da Justiça estadual para federal e isso significa matar as investigações", disse Alessandro Vieira (MDB-SE).
Relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) argumenta que "simplesmente" equiparar as facções ao terrorismo pode prejudicar as investigações em curso. O combate ao terrorismo, segundo ele, é de responsabilidade federal e isso pode tornar mais difícil o acompanhamento de ações que já estão sendo conduzidas pela Justiça estadual.
Em conversa com a Agência Brasil, Vieira expressou sua preocupação e ressaltou que, ao transformar essas facções em organizações terroristas, vários conhecimentos acumulados por profissionais na área podem ser desconsiderados. "É jogar fora um conhecimento acumulado por profissionais qualificados por anos no combate ao crime grave", enfatizou.
Papel das Forças Armadas e segurança pública
Durante a entrevista, o senador também comentou sobre o papel das Forças Armadas no combate ao crime e defendeu a sua atuação no controle das fronteiras. Ele destacou que operações realizadas muitas vezes não produzem resultados efetivos e servem apenas para fins midiáticos. "Nós tivemos várias oportunidades de intervenção das Forças Armadas em território urbano e os resultados foram mínimos e absolutamente temporários", disse.
Muitas ações são vistas como insuficientes, e ele acredita que o financiamento da segurança pública deve ser uma prioridade. "Um país que gasta R$ 5 bilhões para financiar a sua eleição tem dinheiro para investir na segurança do cidadão", defendeu.
A necessidade de um plano de segurança nacional
Segundo Vieira, é importante que haja um plano nacional de segurança pactuado entre estados, municípios e União. Ele acredita que isso pode ajudar a superar as dificuldades financeiras e garantir que os recursos sejam de fato aplicados em soluções eficazes. O senador também mencionou que as Forças Armadas devem estar integradas às forças de segurança estaduais.
A CPI está se propondo a elaborar um diagnóstico completo da política de segurança pública no Brasil e buscar soluções que realmente funcionem. "Com esse diagnóstico, daremos o encaminhamento de quais são as soluções que funcionam e aquelas que nunca funcionaram", concluiu.
Conclusão
A discussão sobre a equiparação de facções a terrorismo traz à tona a necessidade de analisar cuidadosamente as consequências para as investigações em andamento. Alessandro Vieira está convencido de que é vital preservar o conhecimento acumulado dos profissionais da área e garantir que as investigações continuem a fluir de maneira eficaz. Para mais informações sobre o papel da CPI e a política de segurança no Brasil, fique atento às atualizações.