Joias da realeza austríaca voltam após 100 anos sumidas

Joias da realeza austríaca voltam após 100 anos sumidas

Joias da realeza austríaca reaparecem após um século

Descendentes da família Habsburgo revelam peças escondidas em 1922 e levadas ao Canadá durante a Segunda Guerra. Na quinta-feira (06), os herdeiros do último imperador da Áustria, da histórica Casa de Habsburgo-Lorena, apresentaram ao mundo uma coleção particular de joias que esteve guardada em um cofre no Canadá desde o período conturbado da Segunda Guerra Mundial.

O paradeiro dessas joias manteve-se em segredo por mais de um século. Elas foram para o Canadá quando os descendentes fugiram do regime nazista, em 1940. Entre as joias, destaca-se o célebre diamante Florentino, que estava envolto em várias teorias sobre o seu destino e era amplamente considerado perdido.

O exílio e a fuga da família

Após serem exilados da Áustria em 1919, devido à Primeira Guerra Mundial, a família do último imperador austríaco, Carlos 1º, perdeu a maior parte de seus bens. Apenas uma pequena parte da herança pessoal, que incluía joias particulares, foi levada para a Suíça, enquanto as joias oficiais da coroa permaneceram em Viena, onde podem ser vistas até hoje.

Com a morte de Carlos 1º, em 1922, a ex-imperatriz consorte da Áustria, Zita de Bourbon-Parma, pediu aos seus descendentes que mantivessem a existência dessas joias em segredo por um século. Esse alerta foi motivado pela perseguição que eles sofreram sob o regime nazista, devido ao posicionamento contrário a Adolf Hitler. Assim, a família fugiu para o Canadá, atravessando a França e Portugal, pouco antes que sua residência na Bélgica fosse bombardeada pelas forças alemãs.

Eles viajaram com a coleção de joias em uma mala marrom, assegurando sua proteção ao chegarem ao Quebec, em 1940.

O enigma do diamante Florentino

Entre as peças está o notável diamante Florentino, com 137 quilates. De coloração amarelada e do tamanho de uma noz, essa pedra já foi considerada um dos maiores diamantes lapidados do mundo, embora hoje não se compare aos padrões de corte atuais. O diamante pertenceu ao Grão-Duque da Toscana, em Florença, e ficou associado à história dos Habsburgo através de casamentos, após o falecimento do último membro da família Médici.

Seu desaparecimento gerou um sem-número de especulações na imprensa e inspirou filmes e romances ao longo do século. Havia quem acreditasse que os descendentes de Carlos 1º haviam vendido a pedra, enquanto outros defendiam que ela havia sido roubada e levada ilegalmente à América do Sul. O governo italiano até chegou a reivindicar a joia, mas o desconocido de seu paradeiro fez com que muitos acreditassem que ela estaria perdida para sempre.

A coleção também inclui itens que pertenceram à imperatriz Maria Teresa da Áustria, à rainha Maria Antonieta e ao imperador Francisco 1º. Especialistas independentes confirmaram a autenticidade das joias.

A importância do Canadá

Karl von Habsburg, político austríaco e neto de Carlos 1º, expressou seu contentamento em finalmente poder mostrar essas joias ao público. "Como descendentes do imperador Carlos I e da imperatriz Zita, estamos orgulhosos de compartilhar essas peças de grande significado cultural e histórico com o público", declarou. Ele também manifestou sua gratidão ao povo canadense, que proporcionou proteção à sua família em 1940, durante tempos extremamente difíceis.

"Queremos estender nossa gratidão ao povo do Canadá, que ofereceu um refúgio seguro à nossa família em 1940, protegendo-a de circunstâncias extremamente difíceis." Von Habsburg revelou que tomou ciência do esconderijo no último ano, quando dois de seus primos o informaram sobre o cofre. As joias deverão ser exibidas em breve, começando pelo Canadá.

A coleção agora está sob a guarda de uma instituição canadense, com os descendentes dos Habsburgo como beneficiários. A família, que com algumas interrupções, forneceu inúmeros reis e imperadores do Sacro Império Romano desde 1273, se tornou a casa imperial austríaca após a dissolução do império em 1806, que perdurou até o final da Primeira Guerra Mundial.