Joias da realeza austríaca voltam após 100 anos sumidas
07/11/2025, 18:37:57Joias da realeza austríaca reaparecem após um século
Descendentes da família Habsburgo revelam peças escondidas em 1922 e levadas ao Canadá durante a Segunda Guerra. Na quinta-feira (06), os herdeiros do último imperador da Áustria, da histórica Casa de Habsburgo-Lorena, apresentaram ao mundo uma coleção particular de joias que esteve guardada em um cofre no Canadá desde o período conturbado da Segunda Guerra Mundial.
O paradeiro dessas joias manteve-se em segredo por mais de um século. Elas foram para o Canadá quando os descendentes fugiram do regime nazista, em 1940. Entre as joias, destaca-se o célebre diamante Florentino, que estava envolto em várias teorias sobre o seu destino e era amplamente considerado perdido.
O exílio e a fuga da família
Após serem exilados da Áustria em 1919, devido à Primeira Guerra Mundial, a família do último imperador austríaco, Carlos 1º, perdeu a maior parte de seus bens. Apenas uma pequena parte da herança pessoal, que incluía joias particulares, foi levada para a Suíça, enquanto as joias oficiais da coroa permaneceram em Viena, onde podem ser vistas até hoje.
Com a morte de Carlos 1º, em 1922, a ex-imperatriz consorte da Áustria, Zita de Bourbon-Parma, pediu aos seus descendentes que mantivessem a existência dessas joias em segredo por um século. Esse alerta foi motivado pela perseguição que eles sofreram sob o regime nazista, devido ao posicionamento contrário a Adolf Hitler. Assim, a família fugiu para o Canadá, atravessando a França e Portugal, pouco antes que sua residência na Bélgica fosse bombardeada pelas forças alemãs.
Eles viajaram com a coleção de joias em uma mala marrom, assegurando sua proteção ao chegarem ao Quebec, em 1940.
O enigma do diamante Florentino
Entre as peças está o notável diamante Florentino, com 137 quilates. De coloração amarelada e do tamanho de uma noz, essa pedra já foi considerada um dos maiores diamantes lapidados do mundo, embora hoje não se compare aos padrões de corte atuais. O diamante pertenceu ao Grão-Duque da Toscana, em Florença, e ficou associado à história dos Habsburgo através de casamentos, após o falecimento do último membro da família Médici.
Seu desaparecimento gerou um sem-número de especulações na imprensa e inspirou filmes e romances ao longo do século. Havia quem acreditasse que os descendentes de Carlos 1º haviam vendido a pedra, enquanto outros defendiam que ela havia sido roubada e levada ilegalmente à América do Sul. O governo italiano até chegou a reivindicar a joia, mas o desconocido de seu paradeiro fez com que muitos acreditassem que ela estaria perdida para sempre.
A coleção também inclui itens que pertenceram à imperatriz Maria Teresa da Áustria, à rainha Maria Antonieta e ao imperador Francisco 1º. Especialistas independentes confirmaram a autenticidade das joias.
A importância do Canadá
Karl von Habsburg, político austríaco e neto de Carlos 1º, expressou seu contentamento em finalmente poder mostrar essas joias ao público. "Como descendentes do imperador Carlos I e da imperatriz Zita, estamos orgulhosos de compartilhar essas peças de grande significado cultural e histórico com o público", declarou. Ele também manifestou sua gratidão ao povo canadense, que proporcionou proteção à sua família em 1940, durante tempos extremamente difíceis.
"Queremos estender nossa gratidão ao povo do Canadá, que ofereceu um refúgio seguro à nossa família em 1940, protegendo-a de circunstâncias extremamente difíceis." Von Habsburg revelou que tomou ciência do esconderijo no último ano, quando dois de seus primos o informaram sobre o cofre. As joias deverão ser exibidas em breve, começando pelo Canadá.
A coleção agora está sob a guarda de uma instituição canadense, com os descendentes dos Habsburgo como beneficiários. A família, que com algumas interrupções, forneceu inúmeros reis e imperadores do Sacro Império Romano desde 1273, se tornou a casa imperial austríaca após a dissolução do império em 1806, que perdurou até o final da Primeira Guerra Mundial.