Piaçabuçu em Manchete: ambulância que é para salvar vidas, pega fogo!

Tudo que começa errado, termina errado: Lei de Murphy. Tragédia com gosto de ironia: quando o socorro precisa ser socorrido

Piaçabuçu em Manchete: ambulância que é para salvar vidas, pega fogo!

Em Piaçabuçu, o inesperado virou manchete e o absurdo, rotina. Uma ambulância — símbolo da urgência, da vida e da esperança — transformou-se em labaredas no meio da rua, incendiando junto a confiança da população em seus serviços públicos. O veículo que deveria socorrer os enfermos, precisou ele próprio de socorro.

O fogo, que devorou o automóvel destinado a salvar vidas, foi mais do que um acidente mecânico: foi um retrato cruel da precariedade que consome, aos poucos, os pilares da administração pública em muitas cidades do interior. Piaçabuçu, que já carrega no nome o encanto do rio e do mar, viu-se tomada pelas chamas da indignação popular.

É difícil não enxergar ironia no ocorrido. A ambulância incendiada representa o colapso literal de um sistema que, há tempos, pede manutenção. Enquanto se multiplicam discursos sobre eficiência e cuidado com o povo, a realidade arde, fumegante, diante dos olhos de quem depende da saúde pública.

O episódio acende o alerta: o problema não é o fogo que se vê, mas o descuido que o alimenta. Ambulâncias sucateadas, falta de revisão técnica, licitações apressadas e gestões que tratam o patrimônio público como carro de passeio pessoal — tudo isso faz parte do mesmo incêndio moral que consome a confiança do povo.

Em vez de sirene, o som que ecoa agora é o de protesto e incredulidade. Em Piaçabuçu, a ambulância queimou, mas o que não pode queimar é a esperança de que a responsabilidade volte a ter lugar de destaque no serviço público.

Porque, quando o veículo que deveria levar a vida se torna o instrumento do fogo, o que está em chamas não é apenas o motor — é a dignidade de um povo inteiro.

Creditos: Professor Raul Rodrigues