A história do sobrenome Silva, o mais popular do Brasil

A história do sobrenome Silva, o mais popular do Brasil

A história por trás de Silva, o sobrenome mais popular do Brasil

Segundo IBGE, 34 milhões de brasileiros têm o sobrenome Silva, o que representa quase 17% da população.

O IBGE divulgou na terça-feira (4), pela primeira vez, a lista de sobrenomes mais populares no Brasil. Dos cerca de 200 mil sobrenomes divulgados, Silva lidera os registros, com cerca de 34 milhões de brasileiros, o que representa 16,76% da população. Em seguida vem Santos, com 21,4 milhões de registros, correspondendo a 10,4%. O sobrenome do presidente Lula (PT) é o mais popular do Brasil, mas tem uma origem controversa.

Os Silvas se concentram principalmente nos Estados de Alagoas e Pernambuco. Segundo dados do IBGE, 35,75% da população de Alagoas têm esse sobrenome. Já em Pernambuco, são 34,23%. O município brasileiro com maior número de Silva é Belém de Maria, em Pernambuco. Lá, o sobrenome é usado por 63,90% das pessoas.

Os 20 sobrenomes mais populares no Brasil:

  • Silva: 34.030.104
  • Santos: 21.367.475
  • Oliveira: 11.708.947
  • Souza: 9.197.158
  • Pereira: 6.888.212
  • Ferreira: 6.226.228
  • Lima: 6.094.630
  • Alves: 5.756.825
  • Rodrigues: 5.428.540
  • Costa: 4.861.083
  • Sousa: 4.797.390
  • Gomes: 4.046.634
  • Nascimento: 3.609.232
  • Araújo: 3.460.940
  • Ribeiro: 3.127.425
  • Almeida: 3.069.183
  • Jesus: 2.859.490
  • Barbosa: 2.738.119
  • Soares: 2.615.284
  • Carvalho: 2.599.978

Qual a origem de Silva?

O sobrenome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o mais popular do Brasil, mas tem uma origem controversa. É o que diz o "Dicionário das Famílias Brasileiras", de Carlos Eduardo Barata e Antonio Henrique da Cunha Bueno. Segundo a publicação, a origem de Silva viria dos tempos romanos, usada para designar as pessoas que vinham de regiões de florestas. Derivado do latim, Silva significa "selva" ou "floresta". De acordo com o IBGE, o sobrenome desapareceu com a queda do Império Romano e ressurgiu por volta do século XI, na Península Ibérica. Silva explodiu em popularidade no Brasil colônia com os portugueses que vinham para o país e, em busca de anonimato, adotavam o sobrenome. Além disso, muitos escravizados recebiam esse sobrenome de seus proprietários, geralmente com a preposição "da", como indicativo de posse. Silva é bastante comum nos países lusófonos. Além disso, também é encontrado na Espanha e na Itália, embora em menor escala.

Por que temos sobrenomes? Os sobrenomes surgiram, basicamente, da necessidade de diferenciar as pessoas. Há inúmeras tradições que orientam a escolha e reprodução de sobrenomes ao longo da história e ao redor do mundo, mas vamos focar aqui mais na Europa e Américas a partir da Idade Média — embora, mesmo nesse universo, haja exceções. No início da Idade Média, na Europa, as pessoas tinham apenas o nome próprio, muitas vezes seguido de um qualificativo associado a uma característica física ou ocupação, explica Rosana Coelho de Alvarenga e Melo. Foi só entre os séculos 11 e 13 que os sobrenomes começaram a se firmar. Locais de origem e patronímico (derivado do nome do pai) também serviram como base. Assim, surgiram sobrenomes em diversos idiomas, como Smith ou Schmidt (ferreiro), Taylor (alfaiate), Baker (padeiro), Müller (moleiro), Blanco (branco), Long (alto) ou Roux (ruivo).

Com o tempo, muitos desses nomes se fixaram como sobrenomes permanentes, mesmo quando o significado original deixou de ser levado em conta. O genealogista Gilberto de Abreu Sodré Carvalho, em um artigo publicado na Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores de História e Genealogia (Asbrap), listou 60 tipos na tradição luso-brasileira. Entre eles, estão evidência geográfica (Ribeiro, Costa, Lago), designação de árvores (Carvalho, Oliveira, Pinheiro) e de animais (Leitão, Lobo, Carneiro) e a "invenção pura e simples". Isso porque, quando um pai resolve encaixar um "Kennedy" ao registrar um filho, mesmo que ele ou a mãe do bebê não tenham esse sobrenome.

Alvarenga e Melo lembra que até mesmo a hereditariedade, algo central na definição de sobrenomes hoje, não era uma regra. Um homem chamado João Ferreira podia ter um filho Pedro da Silva, por exemplo. As mulheres, muitas vezes, recebiam sobrenomes de devoção, como 'De Jesus' ou 'Da Anunciação', diz. Segundo um artigo de Nuno Gonçalo Monteiro, pesquisador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, em 83% dos casamentos com dois ou mais filhos, os pais escolhiam sobrenomes diferentes para cada um.

A maior novidade nos últimos tempos é a queda da adoção do nome do marido pela esposa. O número de casamentos em que a mulher mudou de sobrenome caiu 30% entre 2002 e 2022. Já a não mudança, ou seja, ambas as partes mantendo seus nomes, teve um aumento ainda maior, de 41,5%, segundo a Arpen. Para a associação, isso é um símbolo de uma sociedade mais igualitária e moderna.

No Brasil, até 1940, as pessoas podiam definir seu próprio nome completo ao chegar à idade adulta. O registro civil, em 1888, e a separação entre Igreja e Estado, em 1889, obrigou os cartórios a darem os nomes de família às meninas. Alvarenga e Melo cita como exemplo a avó, nascida em 1903. Ao registrá-la, seus pais não lhe deram um nome completo. A certidão de nascimento dizia apenas 'Adelaide - primeira do nome'. Isso só mudou em 1940, quando uma lei impôs que bebês devem receber um sobrenome na certidão.