Qual o futuro dos críticos da quebradeira?

Quando a ruína se torna espetáculo, os culpados viram comentaristas.

Qual o futuro dos críticos da quebradeira?

Vivemos um tempo em que os cínicos da quebradeira — aqueles que ajudaram a destruir, mas hoje posam de analistas da destruição — parecem ter tomado o microfone do futuro. São os mesmos que aplaudiram o desmonte, o desvio e o descuido, mas agora discursam como se sempre tivessem alertado sobre o caos que ajudaram a criar.

O cinismo político e social virou moeda de troca. Quem ontem fingia não ver a lama, hoje se apresenta como guardião da limpeza. Quem silenciou diante da corrupção, agora fala em moralidade. Quem esbanjou recursos públicos, hoje cobra austeridade. É a arte de enganar com pose de sábio — e o público, muitas vezes anestesiado, aplaude.

Mas o futuro dos cínicos da quebradeira é o mesmo da própria ruína que ajudaram a plantar: o descrédito. Nenhuma máscara sobrevive à realidade. Nenhum discurso consegue esconder por muito tempo o rastro de irresponsabilidade que deixaram. O povo, mesmo tardando, aprende a distinguir o farsante do coerente, o oportunista do justo.

Os cínicos da quebradeira não têm futuro — têm apenas palco temporário. E esse palco, uma hora, desaba sob o peso das próprias contradições. A história, que tem memória mais longa que a mentira, saberá recolocar cada um em seu devido lugar: os construtores com honra, e os cínicos com seu eco vazio.

Porque o futuro não pertence aos que fingem compreender o desastre. O futuro pertence aos que, mesmo sozinhos, tentaram impedir que ele acontecesse.

Creditos: Professor Raul Rodrigues