Guerra ao tráfico e o foco dos EUA no Brasil
30/10/2025, 11:34:00Contexto atual da guerra ao tráfico
Oito meses antes de promover a maior chacina da história do Brasil, Claudio Castro enviou ao governo Donald Trump um documento classificando o Comando Vermelho, alvo da operação policial de terça-feira (28), como uma organização narcoterrorista com ramificações nos Estados Unidos. A informação é da CNN Brasil.
Resposta da Argentina e Paraguai
Nesta semana, a Argentina de Javier Milei entrou em estado de alerta na fronteira, passando a vasculhar minuciosamente brasileiros que entrarem no país. Todos são suspeitos até provarem o contrário. Isso se deve, segundo Milei, ao fato de que a nação vizinha abriga um grupo narcoterrorista. O Paraguai, alinhado a Washington, adotou medidas semelhantes.
Intervenções e suas justificativas
A acusação de abrigar grupos narcoterroristas serve como justificativa para Trump lançar ofensivas contra a Venezuela e a Colômbia nas últimas semanas. Um primeiro caso envolveu o envio de navios de guerra e instruções para a CIA agir na criação de instabilidade e na derrubada do governo de Nicolás Maduro. O ataque à Bogotá ainda é predominantemente retórico.
Ambiguidade nas relações
Ambos os governos latino-americanos têm criticado a política intervencionista dos Estados Unidos. Se a coerência fosse uma regra, Trump enviaria tropas, e não dinheiro, para um país cuja secretária de Segurança é acusada de receber fundos de traficantes para a campanha presidencial de 2023. Este é o caso de Patricia Bullrich, que foi nomeada por Milei após anunciar apoio ao ultraliberal no segundo turno das eleições argentinas.
Diplomacia da extrema-direita
Na linguagem diplomática da extrema-direita, a amizade prevalece e os negócios são secundários. Em nome da guerra ao terror, os Estados Unidos têm espalhado destruição pelo mundo. No século 20 e 21, visaram organizações como Al Qaeda e Hezbollah, cujas vítimas são, muitas vezes, civis dos países acusados de abrigar essas organizações.
Uma nova abordagem na América do Sul
No contexto sul-americano, Trump inova ao combinar a guerra ao terror de George W. Bush com o combate ao tráfico, buscando proteger os norte-americanos da ameaça criada por países não-alinhados. Isso se torna uma justificativa para agir da maneira que desejarem na região, até mesmo em águas internacionais e com ataques a embarcações suspeitas.
Reações no Brasil
Não é surpreendente o recente "desejo" do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) de ver os EUA lançando bombas sobre a Baía de Guanabara para supostamente neutralizar o crime organizado. A dúvida persiste: para onde ele e sua família iriam em caso de tal ação?
Impacto das operações policiais
As cenas da operação policial no Rio de Janeiro, que resultaram em um número de mortes maior que o massacre do Carandiru, repercutiram mundialmente. Este evento ocorre em um momento delicado, em que Trump busca se aproximar de Lula para discutir possíveis vantagens em uma (re)negociação comercial com o Brasil.
A falsa justificativa de Trump
Independentemente da linha que adotar, a figura de Trump agora conta com uma justificativa questionável para aumentar as tensões com o Brasil. Isso agrada os extremistas do continente, como Castro e a família Bolsonaro, que estão na vanguarda dessa situação.
*Este texto não reflete necessariamente a opinião do Portal iG