Guerra ao tráfico e o foco dos EUA no Brasil

Guerra ao tráfico e o foco dos EUA no Brasil

Contexto atual da guerra ao tráfico

Oito meses antes de promover a maior chacina da história do Brasil, Claudio Castro enviou ao governo Donald Trump um documento classificando o Comando Vermelho, alvo da operação policial de terça-feira (28), como uma organização narcoterrorista com ramificações nos Estados Unidos. A informação é da CNN Brasil.

Resposta da Argentina e Paraguai

Nesta semana, a Argentina de Javier Milei entrou em estado de alerta na fronteira, passando a vasculhar minuciosamente brasileiros que entrarem no país. Todos são suspeitos até provarem o contrário. Isso se deve, segundo Milei, ao fato de que a nação vizinha abriga um grupo narcoterrorista. O Paraguai, alinhado a Washington, adotou medidas semelhantes.

Intervenções e suas justificativas

A acusação de abrigar grupos narcoterroristas serve como justificativa para Trump lançar ofensivas contra a Venezuela e a Colômbia nas últimas semanas. Um primeiro caso envolveu o envio de navios de guerra e instruções para a CIA agir na criação de instabilidade e na derrubada do governo de Nicolás Maduro. O ataque à Bogotá ainda é predominantemente retórico.

Ambiguidade nas relações

Ambos os governos latino-americanos têm criticado a política intervencionista dos Estados Unidos. Se a coerência fosse uma regra, Trump enviaria tropas, e não dinheiro, para um país cuja secretária de Segurança é acusada de receber fundos de traficantes para a campanha presidencial de 2023. Este é o caso de Patricia Bullrich, que foi nomeada por Milei após anunciar apoio ao ultraliberal no segundo turno das eleições argentinas.

Diplomacia da extrema-direita

Na linguagem diplomática da extrema-direita, a amizade prevalece e os negócios são secundários. Em nome da guerra ao terror, os Estados Unidos têm espalhado destruição pelo mundo. No século 20 e 21, visaram organizações como Al Qaeda e Hezbollah, cujas vítimas são, muitas vezes, civis dos países acusados de abrigar essas organizações.

Uma nova abordagem na América do Sul

No contexto sul-americano, Trump inova ao combinar a guerra ao terror de George W. Bush com o combate ao tráfico, buscando proteger os norte-americanos da ameaça criada por países não-alinhados. Isso se torna uma justificativa para agir da maneira que desejarem na região, até mesmo em águas internacionais e com ataques a embarcações suspeitas.

Reações no Brasil

Não é surpreendente o recente "desejo" do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) de ver os EUA lançando bombas sobre a Baía de Guanabara para supostamente neutralizar o crime organizado. A dúvida persiste: para onde ele e sua família iriam em caso de tal ação?

Impacto das operações policiais

As cenas da operação policial no Rio de Janeiro, que resultaram em um número de mortes maior que o massacre do Carandiru, repercutiram mundialmente. Este evento ocorre em um momento delicado, em que Trump busca se aproximar de Lula para discutir possíveis vantagens em uma (re)negociação comercial com o Brasil.

A falsa justificativa de Trump

Independentemente da linha que adotar, a figura de Trump agora conta com uma justificativa questionável para aumentar as tensões com o Brasil. Isso agrada os extremistas do continente, como Castro e a família Bolsonaro, que estão na vanguarda dessa situação.

*Este texto não reflete necessariamente a opinião do Portal iG