Governador do Rio e aliados lançam consórcio da paz

Governador do Rio e aliados lançam consórcio da paz

Reunião em busca de soluções para a segurança pública

O governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro (PL) se reuniu na tarde desta quinta-feira com governadores de seis estados, no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro, para discutir medidas de segurança pública. O encontro ocorre dois dias depois da operação policial mais letal da história do estado, com 132 mortos, sendo quatro policiais, de acordo com a Defensoria Pública, realizada contra o Comando Vermelho (CV), no complexo da Penha e Complexo do Alemão.

Anúncio do consórcio da paz

Após a reunião, Castro e aliados concederam entrevista coletiva à imprensa para anunciar a criação de um consórcio da paz: um consórcio entre os estados para combater a violência de forma coletiva. "Faremos um consórcio no modelo de outros que já existem para que nós possamos dividir experiências e soluções do combate ao crime organizado e da libertação do nosso povo. Vamos discutir estratégias e eu propus que a sede desse consórcio seja no Rio de Janeiro", disse Castro.

Ainda segundo ele, essa é a oportunidade de mudar a segurança pública do país. "Mudar com integração e diálogo, mas sobretudo com coragem e efetividade", completou.

Participantes do encontro

Participaram do encontro os governadores: Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina; Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás; Eduardo Riedel, do Mato Grosso do Sul (PP); e Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, que participou de forma virtual, além de Celina Leão (PP), vice-governadora do Distrito Federal.

Elogios e críticas na coletiva de imprensa

Elogios à megaoperação contra o Comando Vermelho e críticas ao governo federal predominaram nas falas dos governadores, na coletiva de imprensa, após a reunião. Claudio Castro ainda negou que o grupo esteja fazendo uso político do caso e disse que o primeiro ponto foi de solidariedade ao Rio de Janeiro. "Diferentemente do que achavam, foi uma reunião onde politizamos pouquíssimo. Falamos de uma ideia de segurança pública. Foi muito bonito, na fala dos governadores, a preocupação com nosso povo, com o cidadão que sai para trabalhar 5 horas da manhã, que fica querendo garantir a segurança de sua esposa e filhos", declarou.

Críticas ao governo federal

Ao responder perguntas dos jornalistas, Romeu Zema disse que a operação do Rio de Janeiro foi bem planejada e bem-sucedida. Mencionou ainda, criticando o governo federal, que o Brasil é "campeão mundial dos homicídios" e "campeão mundial das pessoas inocentes assassinadas". "Temos um presidente que vai lá fora tentar negociar paz em guerra da Ucrânia e deixa aqui 44 mil brasileiros morrendo por ano", criticou, referindo-se ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Objetivos do consórcio

Segundo o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, há a possibilidade do consórcio integrar os estados com todos os meios: "Contingente, inteligência, o que tiver que ser feito", afirmou. "A tese do consórcio é exatamente fazer com que todas as nossas forças integradas com base na inteligência e a parte operacional possam ser utilizadas para poder atender qualquer um dos governadores num momento emergencial, sem ter que perguntar (...) Com deslocamento é imediato. Então, isso dá uma agilidade", acrescentou Ronaldo Caiado, governador de Goiás.

PEC da Segurança Pública e resistência

Questionado sobre a diferença do "consórcio da paz" com a PEC da Segurança Pública, Caiado criticou a proposta do governo federal. "Único objetivo que o governo federal quis foi um só: tirar dos governadores as diretrizes gerais da segurança pública. É uma determinação que a Constituição de 1988 nos deu. Ele quer transferir aquilo para a diretriz geral ser do Ministério da Justiça. Não temos dificuldade na integração, temos dificuldade pela ausência do governo", disse.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 18 de 2025, a PEC da Segurança Pública, vem sofrendo resistências no parlamento e por parte de governadores, em especial, contra dispositivo que atribui à União a elaboração do plano nacional de segurança pública que deverá ser observado pelos estados e Distrito Federal.

Ações do Ministério da Justiça

Enquanto Castro estava reunido com governadores aliados, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) anunciou que vai enviar peritos criminais ao Rio de Janeiro para apoiar o estado em meio à crise na segurança pública.

*Reportagem em atualização