Moradores do Rio vivem medo após operação letal
29/10/2025, 16:31:49Medo no Rio de Janeiro após megaoperação policial
A cidade do Rio de Janeiro amanheceu em normalidade nesta quarta-feira (29), um dia após a megaoperação policial que, até o momento, é a mais letal da história do estado, que deixou pelo menos 64 óbitos confirmados. Apesar do retorno à rotina e da liberação total das vias, muitos moradores continuam com medo de sair de casa.
Veja mais: Moradores levam dezenas de corpos para praça da Penha "Saindo de casa para trabalhar, espero que o RJ não dê ruim hoje de novo, eu não vou aguentar esse terror novamente", escreveu uma moradora nas redes sociais.
Relatos de tensão nas redes sociais
Após a operação, diversos moradores relataram em redes sociais como se sentem em relação à situação atual da cidade. Um deles postou: "Depois de ontem ser quase pisoteada na central e no trem, devido esse caos no RJ, resolvi hoje não sair de casa". Outros usuários também expressaram seu descontentamento e medo, destacando como é difícil viver em um ambiente tão conturbado e com constantes ameaças à segurança. Posts mencionando o sentimento de insegurança e o desejo de não sair de casa se tornaram comuns durante o dia.
"Medo de sair na rua, morar no RJ é um caos", disse uma internauta.
Retorno à normalidade?
Às 6h, o Centro de Operações e Resiliência (COR) da prefeitura informou que o município retornou ao estágio 1, o menor em uma escala de cinco, que indica "ausência de ocorrências de grande impacto". Segundo o órgão, todos os meios de transporte - ônibus, VLT, BRT, metrô, trens e barcas - operam normalmente nesta manhã. Durante a madrugada, as ruas que ainda estavam interditadas foram liberadas. A última foi a autoestrada Grajaú-Jacarepaguá, que liga as zonas Norte e Oeste, passando pelo Complexo do Lins, desbloqueada por volta das 2h45.
No dia anterior, a cidade registrou o estágio 2 de atenção devido às interdições e à paralisação de linhas de transporte. Mais de 200 rotas de ônibus foram interrompidas e 71 coletivos foram usados como barricadas.
Operação mais letal da história do estado
A operação conjunta das Polícias Civil e Militar tinha como alvo a cúpula do Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha. Pelo menos 81 pessoas foram presas. Entre os mortos, estão quatro policiais. Na madrugada desta quarta, moradores da Penha levaram mais 64 corpos à Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, que ainda não foram contabilizados no balanço oficial, conforme informou o secretário da PM, coronel Marcelo de Menezes Nogueira. Por isso, o número total de mortos pode chegar a 100 caso a perícia confirme relação com a ação de ontem.
Essa operação foi descrita como a mais letal registrada no Rio desde 1990, com mais que o dobro de mortos da ação no Jacarezinho, em 2021, que deixou 28 óbitos.