A mulher sem pescoço da vergonha que é
28/10/2025, 08:29:10Quando a altivez some e o olhar já não se ergue, resta apenas o retrato da vergonha disfarçada de “poder”. Casa para ser mal amada. Nada genérico, apenas com endereço certo.
Há pessoas que andam de cabeça erguida, não por vaidade, mas por consciência tranquila. E há outras que, mesmo cobertas de joias, cargos e holofotes, não conseguem sustentar o próprio olhar. São os que perderam o pescoço — não por fatalidade anatômica, mas por covardia moral.
A mulher sem pescoço da vergonha que é não precisa ser nomeada; ela se reconhece em cada espelho onde evita se encarar. É aquela que dobrou sua dignidade ao primeiro convite do poder, que se curvou ao mando dos homens que sempre fingiu combater, e que hoje vive de discursos reciclados e sorrisos ensaiados.
Perdeu o pescoço quando deixou de dizer “não” à corrupção, quando aceitou o favor que custava caro à decência, quando se calou diante da injustiça que antes prometia denunciar. Seu pescoço desapareceu nas curvas das conveniências políticas, nas festas do faz de conta e nas fotos que hoje são lembrança de um tempo em que ainda restava vergonha.
A mulher sem pescoço é símbolo de uma era em que a ética é maleável e a vaidade substitui o valor. Sua postura é a tradução exata do que se tornou a política rasteira — um corpo sem espinha, sem voz, sem pudor.
E o povo, que tudo vê, percebe. Já não aplaude, já não acredita. Porque quem anda sem pescoço, anda sem direção. E quem perde a vergonha, perde também o respeito — o último fio que sustenta o nome de quem um dia quis ser exemplo.
No teatro da política, essa mulher virou personagem de si mesma: uma atriz sem pescoço, sem vergonha e sem história que o tempo queira lembrar.