Lula e Trump discutem próximos passos das negociações
28/10/2025, 01:36:41Contexto das Negociações
Passada a expectativa do primeiro encontro oficial dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump para conversar sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras, após uma breve conversa na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a questão agora é: o que esperar dos próximos passos das negociações? Lula e Trump se encontraram às margens da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático, na Malásia. Apesar de breve, o encontro foi "supreedentemente bom", na opinião de Lula. Trump concordou, elogiou Lula e parabenizou o presidente brasileiro pelo seu aniversário de 80 anos, nesta segunda-feira (27).
Acordos Difíceis pela Frente
A reunião na Malásia foi o primeiro passo para um acordo que se prevê difícil, no qual o Brasil terá que fazer concessões. O desfecho poderá levar semanas ou até meses. Essa é a opinião do professor de Relações Internacionais e Economia do Ibmec, Alexandre Pires, que fez uma análise da situação em entrevista ao Portal iG.
Mecanismos Bilaterais em Curso
Pires explica que o encontro marcou a autorização dos chefes de Estado para que suas equipes comecem as negociações. Na sequência, ainda na Malásia, como é a praxe diplomática, ocorreu a definição de agendas e do local. "Havia expectativa ali das equipes de que alguma coisa avançasse pelo lado americano, mas obviamente que a negociação vai ser dura", afirmou, destacando que o Brasil está sob investigação na representação comercial americana, com relação às suas práticas.
Elementos Críticos nas Negociações
Segundo o professor, existem pontos duros nas negociações. "Uma parte considerável dos elementos para a tarifa de 40% que se somou à de 10%, em abril, tem componentes políticos, jurídicos e regulatórios. Assim como outros países estão tendo que ceder para fazer acordos com os Estados Unidos, com o Brasil não vai ser diferente", enfatiza Pires.
Desafios no Cenário Internacional
Ainda na opinião do professor, os acordos que têm sido assinados por outros países seriam complicados para o Brasil aceitar. "Isso inclui zerar as tarifas para produtos americanos e eliminar, na totalidade ou quase na totalidade, barreiras não tarifárias. Vários pontos provavelmente vão ser usados pelos americanos nas negociações para tentar fazer do Brasil um acordo semelhante ao que outros países tiveram que assinar", adverte Pires.
O Próximo Passo nas Negociações
Segundo ele, os próximos passos incluem o agendamento de encontros, que deverão ocorrer nos Estados Unidos, além da definição das equipes, autorizações e vistos. Também se espera o resultado das investigações americanas sobre o comércio brasileiro.
Foco Americano na China
O professor de Relações Internacionais ressalta que o foco dos Estados Unidos agora é a China e a busca pela assinatura de um acordo comercial, que poderá ocorrer em Gyeongju, na Coreia do Sul, no final deste mês, no encontro entre Trump e Xi Jinping. "Depois disso, o Brasil pode voltar à pauta e aí a discussão pode se acelerar ou não", pondera.
O Que Está em Jogo
Alexandre Pires afirma que a diplomacia brasileira não enfrenta negociações bilaterais há muito tempo. "O Brasil tem privilegiado fóruns multilaterais. Mas o mundo mudou e agora resta saber como o Brasil vai responder às exigências dos americanos e o que vamos conseguir colocar na mesa de negociação", aponta.
Aguardando Resultados
O professor ressalta que o Brasil possui minerais críticos, terras raras e um grande mercado consumidor para alguns produtos americanos. "A questão das big techs, as regulações da Anatel, e outras pautas também devem entrar na mesa de negociações. O Brasil terá que costurar com os americanos uma saída", conclui.
Expectativa para a Conclusão
Ele observa que a equipe brasileira está ciente do acordo comercial que os Estados Unidos já têm escrito. Resta saber se será possível modificar os termos sem desprivilegiar outros parceiros americanos que já assinaram acordos. "Vai ser tudo muito difícil e talvez exija semanas ou meses. Torcemos para que a questão das tarifas pesadas sobre as empresas brasileiras seja resolvida rapidamente", finaliza Pires.