Eduardo Canuto: “Ser vereador ficou caro demais”

Entre o ideal e o custo político, o desabafo revela o peso da política que perdeu a essência do servir.

Eduardo Canuto: “Ser vereador ficou caro demais”

A frase de Eduardo Canuto — “ser vereador ficou muito caro” — ecoa como um diagnóstico amargo da política contemporânea. Não se trata apenas do custo financeiro, mas do preço moral, emocional e ético que muitos homens públicos pagam para se manter de pé num sistema que parece ter esquecido o sentido da representação.

Em tempos em que as campanhas se transformaram em verdadeiras operações de marketing, ser vereador deixou de ser um ato de vocação e se tornou um exercício de resistência. O mandato, que deveria ser o espaço de defesa dos interesses populares, hoje exige estruturas de poder, alianças caras e, muitas vezes, concessões que ferem o ideal de quem entrou na política para servir.

O desabafo de Canuto expõe o contraste entre o político que quer fazer e o sistema que cobra para deixar fazer. O custo de manter equipe, comunicação, estrutura e, sobretudo, a coerência, é alto. Ainda mais quando a coerência não se vende nem se negocia.

Em Penedo e em tantas outras cidades, ser vereador deveria significar fiscalizar, propor leis, estar próximo do povo. Mas, na prática, o vereador se vê cercado por um ambiente onde a política virou negócio e o voto, mercadoria. É nesse cenário que a frase de Canuto ganha força e sentido: ser vereador ficou caro demais para quem tem princípios — e barato demais para quem não os tem.

A verdade é que, enquanto o custo de manter a dignidade sobe, o valor da ética cai. E é essa matemática perversa que tem afastado os bons e atraído os oportunistas.

Ser vereador, portanto, só é caro para quem não tem preço.

Creditos: Professor Raul Rodrigues