Alfredo Gaspar pode gastar seu brilho como paladino

Quando a busca por destaque se torna cegueira moral e política. Ainda há quem pense ser ele o primeiro lugar nas pesquisas em Penedo.

Alfredo Gaspar pode gastar seu brilho como paladino

Há quem viva correndo atrás dos holofotes como mariposa fascinada pela luz — sem perceber que, muitas vezes, o brilho que atrai também queima. A visibilidade é tentadora. Estar no centro das atenções alimenta o ego, dá sensação de poder, abre portas. Mas o que acontece quando a luz é forte demais e, em vez de iluminar o caminho, cega quem a persegue?

Na política, essa metáfora se traduz com precisão cirúrgica. Há líderes e candidatos que confundem exposição com credibilidade. Quanto mais flashes, mais acreditam estar construindo uma imagem sólida. Entretanto, o que se revela é o contrário: o excesso de luz expõe as rachaduras, os equívocos e a vaidade travestida de liderança. A fama, quando mal administrada, não revela virtudes — denuncia fraquezas.

A sociedade moderna vive obcecada por visibilidade. Ser visto virou sinônimo de ser importante. Mas há diferença entre luz e clareza. A luz pode ser apenas espetáculo; a clareza exige verdade. E quando o espetáculo substitui a essência, o brilho se torna ofuscamento.

Na vida pública, essa cegueira moral faz estragos. Políticos encantados com o próprio reflexo deixam de enxergar o povo que os colocou ali. Preferem as câmeras aos compromissos, os eventos aos resultados, o marketing à ética. Tornam-se reféns da própria imagem — e, quando a luz apaga, restam apenas sombras.

O verdadeiro brilho vem do caráter, não do palco. A iluminação que constrói é a da coerência, da responsabilidade, da entrega silenciosa que não precisa de plateia. Porque a luz dos holofotes passa, mas o que se faz no escuro da consciência permanece.

Em tempos de redes e exibições, é bom lembrar: quem vive da luz artificial perde o senso da realidade. E quando os aplausos cessam, o som mais alto é o do próprio vazio.