A banalização das homenagens públicas em Penedo e Alagoas

Quando títulos e comendas viram moeda de troca, perdem o valor moral e o respeito social

A banalização das homenagens públicas em Penedo e Alagoas

A entrega de títulos honoríficos e comendas de mérito sempre foi, em essência, um gesto de reconhecimento público. Uma forma solene de a sociedade, por meio de suas instituições, agradecer àqueles que contribuíram de forma relevante para o desenvolvimento humano, social, cultural e político de uma cidade, de um estado ou de uma causa. No entanto, em Penedo e em Alagoas, esse gesto tem sido cada vez mais distorcido por interesses que nada têm a ver com mérito ou serviço prestado.

Nos últimos tempos, observa-se uma verdadeira flexibilização moral na concessão de títulos e comendas, transformadas em ferramentas de conveniência política e social. Pessoas sem vínculo algum com a história ou o progresso de Penedo — muitas vezes desconhecidas pela população — recebem honrarias que deveriam ser reservadas a quem realmente deixou marcas positivas. São empresários de passagem, políticos de ocasião e “apadrinhados” que recebem distinções como se fossem brindes de campanha.

Essa banalização gera um efeito corrosivo: desvaloriza o verdadeiro sentido do reconhecimento público. Quando todos são homenageados, inclusive os que nada fizeram, ninguém mais é. A comenda perde o brilho, o título perde a honra, e o ato se torna uma encenação sem alma, sustentada por interesses pessoais, favores políticos e trocas de conveniência.

Mais grave ainda é o silêncio cúmplice de parte da sociedade e da própria classe política. Aceita-se o absurdo com naturalidade, como se fosse normal premiar o inexpressivo e ignorar o relevante. Esquecem-se os professores dedicados, os médicos do interior, os artistas locais, os líderes comunitários — aqueles que, de fato, sustentam a dignidade da cidade com seu trabalho silencioso.

Penedo, cidade de história e de gente valorosa, não pode se permitir transformar suas homenagens em palco de vaidades. É preciso reconduzir o mérito ao seu devido lugar, devolver às comendas o peso do merecimento e o simbolismo da gratidão verdadeira. Honrar quem nada fez é, na prática, desonrar quem realmente faz.

Enquanto o mérito for trocado por conveniência, as homenagens continuarão sendo apenas isso: gestos vazios em molduras douradas.

Exemplos: Título de Cidadão Penedense a Jardel Aderico = Atuação como secretário: Ele ocupou o cargo de Secretário Especial de Promoção da Paz no Estado de Alagoas.  Investigação e prisão: Em 2019, foi acusado de corrupção e se entregou à polícia, sendo recolhido ao sistema prisional alagoano. 

Comenda a Michele Bolsonaro = título de cidadã honorário de Maceió sem nada ter feito por Maceió.

Comenda a Tarcisio de Freitas em Alagoas = Tarcísio de Freitas será comendador da Assembleia Legislativa sem nunca te feito nada por Alagoas.

Creditos: Professor Raul Rodrigues