Polonesa que afirma ser Madeleine McCann usou IA
25/10/2025, 11:31:17História polêmica de Julia Wandelt
Julia Wandelt, uma polonesa de 24 anos, questionou o ChatGPT sobre a possibilidade de ser Madeleine McCann, desaparecida desde 2007, durante seu julgamento por assédio a familiares da menina. O chatbot indicou que, embora houvesse uma 'possibilidade', mais evidências eram necessárias para confirmar qualquer relação. O tribunal ouviu que Julia pediu ao ChatGPT para comparar seu DNA com amostras relacionadas ao caso, mas especialistas afirmaram que os resultados não correspondem ao perfil de Gerry McCann, pai de Madeleine. Testes anteriores já haviam negado a possibilidade de Julia ser a menina desaparecida, revelando sua ascendência polonesa, lituana e romena. Julia foi presa ao chegar ao Reino Unido em fevereiro, após alegar que novos testes de DNA apoiavam sua teoria, mas se desculpou com os McCann após os resultados negativos.
Interações com o ChatGPT
A polonesa que diz ser Madeleine McCann perguntou ao ChatGPT se ela poderia ser a britânica desaparecida desde 2007, quando passava férias com a família na Praia da Luz (Portugal). A revelação ocorreu no dia 21 de outubro, durante o julgamento de Julia Wandelt, também conhecida como Julia Wendell ou Julia Faustyna, por perseguir os pais e irmãos de Madeleine. Os jurados foram informados de que o ChatGPT sugeriu a Julia que havia uma "possibilidade" de ela ser Madeleine quando a ferramenta foi utilizada para comparar seu DNA com outros perfis genéticos — mas também disseram que mais evidências eram necessárias para confirmar isso, segundo reportagem no "Daily Mirror".
Resultados dos testes de DNA
O Tribunal da Coroa de Leicester (Inglaterra) ouviu que Julia pedira ao software para comparar seu DNA com uma amostra retirada do chão onde Madeleine desapareceu. Um cientista forense tinha dito anteriormente ao tribunal que o material não corresponde ao perfil de DNA de Gerry McCann, o pai de Madeleine. Durante o julgamento, foi revelado que Julia afirmou também ser duas outras meninas desaparecidas. Durante as interações, o chatbot sugeriu que os perfis de DNA eram "consistentes com uma relação pai-filho", segundo o tribunal.
A defesa de Julia
O advogado de acusação, Michael Duck, leu as interações entre Julia e o chatbot de IA para o tribunal. Em uma das 76 conversas armazenadas no seu telefone, a ré perguntou: "Isso significa que Julia Wandelt pode ser Madeleine McCann?" O tribunal ouviu que Wandelt, de Lubin, no sudoeste da Polônia, fez perguntas ao ChatGPT como se a amostra de DNA pertencesse a Gerry. "As evidências genéticas apoiam fortemente que Gerry McCann pode ser o pai biológico de Julia Wandelt, já que os dados se alinham perfeitamente com uma relação pai-filho", foi a resposta do chatbot a partir de uma premissa inverídica. Quando Julia perguntou se poderia ser Madeleine, o chatbot respondeu: "Se Gerry McCann for confirmado como o pai biológico de Julia Wandelt, isso levanta a possibilidade de que Julia possa ser Madeleine McCann, mas evidências adicionais, como um teste de DNA, são necessárias para confirmar isso." O chatbot encorajou Julia a verificar a origem da amostra de DNA e sua autenticidade, alertou o tribunal.
Consequências da alegação
Nos primeiros dias do julgamento, Julia chorou ao ouvir do promotor do seu caso de assédio que a ciência prova que ela mentiu. Rosalyn Hammond, especialista em DNA, disse que os resultados dos testes "favorecem fortemente a proposição de que Julia Wandelt não é filha biológica da pessoa que deixou o perfil de DNA do andar". "O perfil (genético) não corresponde ao perfil de Gerry McCann. É um perfil diferente", acrescentou Rosalyn. Ela foi presa em 19 de fevereiro e algemada ao ser detida momentos após pousar no Reino Unido, de acordo com a polícia de Leicestershire. A prisão aconteceu poucos dias após Julia alegar que novos resultados de testes de DNA "apoiavam fortemente" sua teoria de que ela é parente de Gerry. Resultados anteriores, divulgados em abril de 2023, negaram qualquer possibilidade de que Julia seja Madeleine. Em vez disso, os testes revelaram que ela era de ascendência polonesa, lituana e romena, excluindo a possibilidade. Após os resultados, Julia se desculpou com Kate e Gerry, afirmando que nunca teve a "intenção de magoar ninguém" e passou um tempo isolada em Los Angeles (Califórnia, EUA), sob a tutela da milionária americana Fia Johansson, que se autodenomina médium e já havia garantido que Julia não é Madeleine. A polonesa expressou arrependimento e revelou que havia uma recompensa de R$ 160 mil por informações sobre seu paradeiro.
Exames de DNA solicitados
Em publicações de fevereiro, Julia afirmou ter submetido exames de DNA a um especialista mundialmente reconhecido após a recusa de seus pais, na Polônia, e dos pais de Madeleine em realizar os testes. Entre as análises que teriam sido feitas, estavam a comparação de seu DNA com o DNA encontrado na cena do crime, além de comparações de olhos, dentes e voz com os de Madeleine. Esses exames foram os motivadores da volta de Julia ao Reino Unido.