A Fundamentação do Comunismo no Mundo de Lênin, Marx e Mao Tsé-Tung
21/10/2025, 19:56:19A trilha ideológica que atravessou o Ocidente, moldou o Oriente e tentou reescrever a história das classes. No Brasil, o comunismo não tem partido com ideologia representativa na prática aplicada em governos.
O comunismo, mais do que uma ideologia política, nasceu como uma promessa de justiça social diante da opressão das classes e das desigualdades provocadas pelo capitalismo industrial do século XIX. Sua base teórica está na obra de Karl Marx e Friedrich Engels, mas foi Lênin quem lhe deu forma revolucionária, e Mao Tsé-Tung quem a adaptou à realidade oriental. Cada um, à sua maneira, solidificou um pilar dessa construção que atravessou continentes e ideologias.
Marx: a teoria que quis libertar o homem do capital
Karl Marx foi o arquiteto intelectual do comunismo. Em suas obras, especialmente O Manifesto Comunista (1848) e O Capital (1867), denunciou o sistema capitalista como um mecanismo de exploração do homem pelo homem. Marx via a história como uma luta permanente entre opressores e oprimidos — entre burguesia e proletariado — e acreditava que essa luta culminaria numa revolução que aboliria a propriedade privada dos meios de produção.
Sua fundamentação era filosófica, econômica e moral. Ele não via o comunismo como utopia, mas como o desfecho inevitável da dialética histórica. A religião, para ele, era o “ópio do povo”, porque mantinha o trabalhador anestesiado diante da exploração. O comunismo marxista, portanto, buscava a consciência social e a substituição do individualismo pelo coletivo, o lucro pelo trabalho, o capital pelo valor humano.
Lênin: a teoria que pegou em armas
Vladimir Lênin transformou a teoria em ação. Ao liderar a Revolução Russa de 1917, ele colocou em prática o que Marx apenas havia previsto. Contudo, Lênin percebeu que a revolução proletária não aconteceria de forma espontânea — era preciso organização e liderança, um partido disciplinado e ideologicamente puro. Assim, criou o conceito de vanguarda do proletariado, um grupo de revolucionários conscientes encarregados de conduzir o povo à vitória contra a burguesia e o Estado czarista.
A Rússia de Lênin foi o primeiro laboratório do comunismo no mundo real. Ali nasceu a União Soviética, que inspirou e dividiu o planeta durante o século XX. Mas, como toda experiência política radical, enfrentou contradições: o poder centralizado, a repressão interna e a perseguição a opositores acabaram corroendo o ideal libertário inicial. Ainda assim, Lênin consolidou a base prática do comunismo — um Estado que governa em nome dos trabalhadores, mesmo que sem eles.
Mao Tsé-Tung: o comunismo camponês e cultural
Na China, o comunismo encontrou outro terreno e outra forma. Mao Tsé-Tung reinterpretou Marx e Lênin à luz da realidade rural chinesa. Se Marx via o proletariado urbano como motor da revolução, Mao enxergou o camponês como o verdadeiro agente da transformação. O comunismo maoísta nasceu nas aldeias, não nas fábricas.
Mao compreendeu que não bastava tomar o poder político; era preciso mudar a mentalidade social. Assim, promoveu campanhas culturais e educacionais, como a Revolução Cultural, que buscavam moldar o “novo homem socialista”. O resultado foi ambíguo: enquanto libertou a China de séculos de feudalismo e dominação externa, também mergulhou o país em períodos de autoritarismo, dogmatismo e sofrimento coletivo.
O legado e o paradoxo
A fundamentação do comunismo, de Marx a Mao, construiu-se entre o ideal e a prática, entre a esperança e a opressão. Marx sonhou com a emancipação do homem; Lênin acreditou na ditadura do proletariado; Mao tentou reinventar o socialismo para um povo milenar. O que começou como crítica à exploração terminou, em muitos casos, por criar novos tipos de dominação.
Contudo, o comunismo deixou uma marca indelével no mundo: inspirou lutas por justiça, questionou a concentração de riqueza e forçou o capitalismo a se reformar — originando o Estado de bem-estar social em várias nações. Mesmo sem cumprir sua utopia plena, sua fundamentação filosófica ainda ecoa sempre que alguém pergunta por que há tanto para poucos e tão pouco para tantos.
Logo concluímos que:
O comunismo de Marx, Lênin e Mao foi, antes de tudo, uma tentativa de reescrever a história humana a partir da igualdade. Suas bases teóricas e práticas moldaram o século XX e continuam sendo referência — ou repulsa — no século XXI. Entre a razão e a revolução, o comunismo mostrou que o sonho da igualdade é tão irresistível quanto perigoso quando se confunde com o poder absoluto.