Lula anuncia Boulos como novo ministro da Secretaria-Geral
22/10/2025, 10:34:49Nomeação de Guilherme Boulos
Guilherme Boulos (PSOL-SP) assume o cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência, sucedendo o ministro Márcio Macêdo, que vinha enfrentando críticas por sua atuação.
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Lula (PT) revelou, nesta segunda-feira (20), que o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) será o novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Essa pasta é essencial, pois é responsável pela interlocução do governo com movimentos sociais e tem sede no Palácio do Planalto. Boulos entra no lugar de Márcio Macêdo, que passou a ser alvo de críticas em relação ao seu desempenho à frente da secretaria.
Nos bastidores, Macêdo parece estar se preparando para focar em sua candidatura a deputado federal por Sergipe nas próximas eleições, e deverá receber outro cargo no governo em breve. Ele foi comunicado oficialmente sobre sua exoneração na última sexta-feira (17), durante um encontro com Lula no Palácio da Alvorada, onde também estava presente a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais). De acordo com relatos, Macêdo frequentemente mencionava que havia optado por apoiar Lula durante sua prisão em Curitiba, o que acabou gerando descontentamento entre os colaboradores do presidente.
A mudança visa fortalecer a base de apoio à esquerda, com o olhar voltado para as eleições de 2026, além de intensificar a presença do governo nas redes sociais e nas ruas, especialmente entre os jovens. Boulos, que é militante do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), teve participação ativa em protestos promovidos pela esquerda neste ano. Este movimento de nomeação surge em meio à crescente ameaça de um grupo do centrão, atualmente aliado a Lula, considerar apoiar uma candidatura de direita nas próximas eleições.
Um dos objetivos de Lula com essa troca é consolidar uma base histórica de esquerda, assegurando uma candidatura sólida para as eleições de 2026. A Folha de S.Paulo havia informado, no mês passado, que Lula já tinha dado indicativos a suas equipes sobre a intenção de substituir Macêdo por Boulos. Há alguns meses, o presidente havia questionado o deputado se ele estaria disposto a abrir mão da sua candidatura à Câmara para fazer parte do governo até 2026, e Boulos prontamente concordou, reforçando que sua prioridade é a reeleição de Lula.
Uma das principais dificuldades enfrentadas por Lula na reforma ministerial é a necessidade de desincompatibilização. Em conformidade com a legislação, os ministros que desejam concorrer nas eleições devem deixar seus cargos até seis meses antes do primeiro turno. Atualmente, estima-se que aproximadamente 20 ministros devem se afastar do governo para se candidatar. Além disso, a reacomodação de Macêdo, que é amigo pessoal de Lula e da primeira-dama Rosângela Lula da Silva, também trouxe desafios.
Boulos, que foi o deputado mais votado por São Paulo em 2022, já teve duas tentativas de se tornar prefeito da capital paulista, mas foi derrotado em ambos os turnos, primeiro por Bruno Covas (PSDB) e depois pelo atual prefeito Ricardo Nunes (MDB). Na Câmara, ele exerceu a liderança da bancada do PSOL e, agora, esta oportunidade no governo pode servir para reconstruir seu capital político, que foi abalado pela derrota nas últimas eleições municipais. Para seus aliados, a inclusão de Boulos no governo representa uma chance de retomar sua trajetória de ascensão política.
A relação de Boulos com Lula tem suas raízes em 2020, quando o presidente interveio, incentivando o PT a apoiar a candidatura de Boulos à prefeitura de São Paulo, formatando a chapa que contava com Marta Suplicy como vice. Durante as negociações com seu partido, Lula reconheceu a lealdade de Boulos, chegando a afirmar que o via como mais petista do que alguns filiados ao PT.
Em 2022, durante a transição de governo, Boulos foi considerado para assumir uma posição ministerial, participando do grupo de trabalho de Cidades, mas isso não se concretizou, visto que ele já era pré-candidato à prefeitura na época. Com sua nomeação agora anunciada por Lula, Boulos torna-se o segundo ministro do PSOL no governo, somando-se a Sônia Guajajara (Povos Indígenas), que é deputada federal licenciada. Desde o início do terceiro mandato de Lula, já foram efetivadas 13 mudanças ministeriais, sendo as últimas em maio passado, quando Carlos Lupi (PDT) pediu demissão do Ministério da Previdência Social e Cida Gonçalves foi demitida do Ministério das Mulheres.
Essas mudanças refletem a busca de Lula por acomodar mais partidos do centrão no Executivo, além de demissões relacionadas a denúncias de corrupção e à pressão gerada pelo desempenho de seus ministros.