Irmã de serial killer denunciada por envenenamentos em SP e Rio

Irmã de serial killer denunciada por envenenamentos em SP e Rio

Denúncia contra Roberta Cristina Veloso Fernandes


Os promotores de Justiça Rodrigo Merli Antunes e Vania Caceres Stefanoni apresentaram, na última sexta-feira (17), uma nova denúncia relacionada à série de envenenamentos investigados em São Paulo, Guarulhos, Grande São Paulo, e Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. A acusação formal foi feita contra Roberta Cristina Veloso Fernandes, irmã gêmea de Ana Paula Veloso Fernandes, já denunciada pelos mesmos crimes.

Os promotores também solicitaram a conversão da prisão temporária de Roberta em prisão preventiva. De acordo com a denúncia, Roberta é acusada de participação, encorajamento e auxílio na prática de quatro homicídios triplamente qualificados cometidos pela irmã. Entenda o caso: "Serial killer" confessa duas mortes por envenenamento à polícia. Em um dos casos, há causa adicional de aumento de pena, pois uma das vítimas tinha mais de 60 anos. As penas somadas podem chegar a 130 anos de reclusão.

O documento encaminhado ao Tribunal do Júri de Guarulhos afirma que há provas das materialidades delitivas, com exames necroscópicos e certidões de óbito anexados aos autos. Para os promotores, os indícios de autoria são evidentes. No pedido de prisão preventiva, os responsáveis pela acusação escreveram: "Evidente a necessidade de conversão da prisão temporária de Roberta Cristina Veloso Fernandes em prisão preventiva, até porque notório que seu estado de liberdade representa perigo atual e contemporâneo não só para a ordem pública, mas também para a conveniência da instrução criminal e para a futura aplicação da lei penal".

Segundo o Ministério Público, Roberta não tem moradia fixa e circula entre diferentes cidades, o que, na avaliação dos promotores, reforça o risco de fuga. Eles também alegam que a investigada tentou interferir na investigação, eliminando vestígios e direcionando suspeitas para terceiros. "A investigação policial já demonstrou que Roberta também teve a intenção de atrapalhar os trabalhos de Polícia Judiciária, não só eliminando os vestígios das infrações cometidas, como também direcionando alguns deles para terceiros inocentes (em especial para a testemunha Policial Militar)", afirma o documento.

A denúncia descreve quatro homicídios cometidos entre janeiro e maio de 2025. A primeira vítima foi Marcelo Hari Fonseca, morto em Guarulhos após ingerir substâncias letais semelhantes ao "chumbinho". Segundo o Ministério Público, Ana Paula e Roberta passaram a morar na casa de Marcelo e decidiram matá-lo para se apossarem do imóvel. O segundo crime teria ocorrido em abril, também em Guarulhos. Maria Aparecida Rodrigues, amiga de Ana Paula, foi envenenada após uma discussão entre a denunciada e um policial militar com quem mantinha relacionamento. As irmãs teriam planejado o homicídio para incriminar o policial.

Em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, as investigações apontam que a dupla matou Neil Correa da Silva, de mais de 60 anos, com a promessa de recompensa feita pela filha da vítima. Por fim, em maio, em São Paulo, foi morto Hayder Mhazres, namorado de Ana Paula. Após o crime, ela teria tentado se declarar "herdeira" da vítima alegando uma gravidez falsa. Nos quatro casos, segundo o MP, Roberta teria encorajado e auxiliado a irmã. O documento afirma que os crimes foram praticados com uso de veneno e recurso que dificultou a defesa das vítimas, aproveitando-se de relações pessoais e de confiança.

A denúncia também pede que Roberta seja condenada a indenização mínima de R$ 20 mil por dano moral a cada uma das famílias das vítimas. Uma terceira mulher, apontada como possível participante de pelo menos um dos homicídios, segue presa temporariamente em Guarulhos e poderá ser denunciada futuramente.