Superintendente do Paraná condenada por peculato e lavagem

Superintendente do Paraná condenada por peculato e lavagem

Condenação de Keli Cristina de Souza Gali Guimarães

A superintendente-geral de Desenvolvimento Econômico e Social durante a gestão de Ratinho Junior, no Paraná, foi condenada a 10 anos e 10 meses de prisão em regime inicial fechado. As condenações são pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro, referentes a um caso que se arrasta há uma década.

A sentença contra Keli Cristina de Souza Gali Guimarães foi proferida em 9 de outubro pelo juiz federal Guilherme Roman Borges, da 13ª Vara de Curitiba, no âmbito de investigações envolvendo o Instituto Confiancce, uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que se tornou alvo da Operação Fidúcia, deflagrada pela Polícia Federal em 2015.

O advogado Antonio Figueiredo Basto, responsável pela defesa de Keli, declarou à Folha que um recurso será interposto, destacando que a decisão de primeira instância ainda não possui efeito prático imediato.

Reação do Governo do Paraná

O governo de Ratinho Junior se posicionou, afirmando que "os fatos apontados na sentença são antigos e não têm relação com o trabalho atual dela". A administração ressalta que, na decisão, o juiz afirmou que não há espaço para perda do cargo devido à falta de conexão entre os fatos e o atual trabalho de Keli. O governo acompanhará o processo nas instâncias superiores.

Histórico de Keli Cristina de Souza Gali Guimarães

Keli é casada com Fernando Guimarães, conselheiro do Tribunal de Contas do Paraná, e assumiu a superintendência em 2022, após atuar em um cargo comissionado na Assembleia Legislativa do Paraná. A superintendência foi criada por Ratinho Junior, com o objetivo de articular com segmentos da sociedade civil organizada.

O advogado de Keli argumenta que existe a possibilidade de prescrição quanto ao crime de peculato e indica que os demais aspectos serão contestados. Ele acredita que, ao serem analisados com mais cuidado nos tribunais, os fatos poderão resultar em uma decisão favorável a Keli.

Investigações e denúncias

Na época de sua nomeação, Keli já havia sido denunciada pelo Ministério Público Federal (em 2016) e condenada (em 2018), mas essa sentença foi posteriormente anulada. Em 2019, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região acolheu pedido de sua defesa e anulou a sentença anterior, fazendo com que o processo tivesse que recomeçar.

O Ministério Público Federal acusou Keli e outras sete pessoas de utilizar indevidamente o Instituto Confiancce para fraudar licitações, superfaturar preços e se apropriar de valores arrecadados entre 2008 e 2014. As irregularidades foram identificadas a partir de auditorias realizadas pela CGU (Controladoria-Geral da União).

Segundo as denúncias, os desvios ocorriam através do pagamento de despesas privadas e simulação de despesas, como o uso de empresas que não prestavam serviços ou cobravam valores superfaturados. Keli trabalhou no Instituto Confiancce de 2007 a 2013, junto com sua tia, que também foi condenada na mesma sentença.

Em sua sentença de 9 de outubro, o juiz federal afirmou que Keli recebeu uma remuneração "absolutamente incompatível com sua atuação". Embora ela tenha sido acusada de formação de quadrilha, a punibilidade foi extinta por prescrição. Atualmente, Keli também enfrenta uma ação civil por improbidade administrativa na 1ª Vara Federal de Curitiba pelos mesmos fatos.