Reunião entre trumpista e chanceler brasileiro gera expectativa
20/10/2025, 12:30:25Expectativas para a Reunião
Governo brasileiro "comemorou" encontro civilizado com Marco Rubio e negociações avançam para segunda fase. Dá mesmo para confiar?
Nos últimos dez meses, desde que assumiu a Secretaria de Estado norte-americana -- o equivalente ao Ministério das Relações Exteriores -- Marco Rubio acumulou uma série de declarações ofensivas ao Brasil. Um dos mais radicais aliados de Donald Trump, ele já afirmou, em tom de ameaça, que a Casa Branca responderia "adequadamente" à condenação de Jair Bolsonaro (PL) por liderar uma tentativa de golpe de Estado por aqui. Para Rubio, o ex-presidente era vítima de uma "campanha crescente de opressão judicial". Na linguagem diplomática, o pitaco no quintal alheio equivalia a estacionar um bonde na garagem do vizinho sem pedir licença.
Comemorações do Bolsonarismo
Por isso bolsonaristas comemoraram quando Trump designou Rubio para ser o interlocutor do país nas conversas com o chanceler Mauro Vieira na tentativa de reverter o tarifaço contra exportações brasileiras. Achavam, no mínimo, que o secretário colaria um cartaz escrito "me chute" nas costas do visitante para postar nas redes e incendiar a quinta série daqui e de lá. Não foi bem o que aconteceu.
Atitude Surpreendente de Rubio
Relatos de quem esteve no encontro – Vieira entre eles – apontam que Rubio se comportou como mocinho a maior parte do tempo. Não mostrou a língua, não chorou para escovar os dentes nem fez birra para ir ao encontro com a camiseta do Homem-Aranha. Pelo contrário, se sentou à mesa e conversou como gente grande. Foram, segundo o Itamaraty, "conversas muito positivas sobre comércio e questões bilaterais em curso". Em nota, o ministério afirmou que o secretário topou até trabalhar em colaboração e ajeitar as bases para um possível encontro presencial entre o presidente Lula (PT) e Donald Trump. Ou seja, tudo certo, nada resolvido. Mas as projeções são boas.
Expectativas e Desconfianças
A postura surpreendeu até os enviados brasileiros, que esperavam uma postura mais agressiva do interlocutor. Não se sabe o que o Brasil ofereceu aos anfitriões em troca de alguma civilidade e possibilidade de recuo. O Cristo Redentor? O Rio de Janeiro todo? O trio de ataque da seleção? Ou parceira na exploração de minérios de terras raras? Mistério.
Consequências Potenciais
O temor de encontros pessoais do tipo é que os convidados caiam em uma armadilha como aconteceu com Volodymyr Zelensky, que foi negociar uma saída honrosa do conflito entre Ucrânia e Rússia e saiu humilhado publicamente – para deleite de quem votou em Trump justamente para ver cenas do tipo. Os bons modos de agora devem ser vistos sempre com desconfiança.
Enquanto negocia com o Brasil, o governo dos EUA ameaça atacar a Venezuela com mobilização de tropas e planos de interferência via CIA, a agência de espionagem norte-americana. A justificativa é uma conversa que não convence nem a velhinha de Taubaté. Com essa turma é preciso pé atrás. Os dois, se for possível.