Governo Trump revoga visto de brasileiro por post sobre Kirk

Governo Trump revoga visto de brasileiro por post sobre Kirk

Contexto sobre a revogação de vistos

Um brasileiro, que não teve o nome mencionado, foi apontado pelo governo Trump, nesta terça-feira (14), como exemplo de estrangeiro que teve o visto americano revogado por comemorar a morte do ativista de direita Charlie Kirk, nas redes sociais. Em um post na rede social X, o Departamento de Estado norte-americano disse que "continua identificando portadores de visto que celebraram o hediondo assassinato" e mostrou algumas das postagens que levaram à decisão.

As postagens e a reação do governo

Segundo o órgão americano, o cidadão brasileiro escreveu: "Charlie Kirk foi a razão para um comício nazista, onde marcharam em sua homenagem. Morreu tarde". Kirk, aliado do presidente norte-americano, morreu baleado em um evento na Universidade Utah Valley, enquanto discursava para uma multidão de jovens. Além do brasileiro, o departamento também usou posts de um argentino, um sul-africano, um mexicano, um alemão e um paraguaio como exemplos.

Posicionamento de Trump e suas políticas

"O presidente Donald Trump e o secretário Marco Rubio irão defender nossas fronteiras, nossa cultura e nossos cidadãos, aplicando nossas leis de imigração. Os estrangeiros que se aproveitam da hospitalidade americana enquanto celebram o assassinato de nossos cidadãos serão expulsos", diz o post do governo.

A Medalha Presidencial da Liberdade

As revogações foram anunciadas no mesmo dia em que o presidente Donald Trump concedeu a Kirk, postumamente, a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior honraria civil do país. O ativista teria completado 32 anos nesta terça-feira.

Antiamericanismo nas políticas de imigração

A Casa Branca havia anunciado em agosto que o Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos ia passar a considerar o "antiamericanismo" como critério na hora de analisar solicitações de visto e outros benefícios para imigrantes. A alegação era que o órgão estava "atualizando as orientações sobre os fatores que os agentes consideram em certas solicitações de benefícios" e "expandiu os tipos de solicitações de benefícios que passam por verificação nas redes sociais".

De acordo com o porta-voz do USCIS, Matthew Tragesser, em comunicado, “os benefícios dos Estados Unidos não devem ser concedidos àqueles que desprezam o país e promovem ideologias antiamericanas. Os benefícios de imigração — incluindo viver e trabalhar nos EUA — continuam sendo um privilégio, não um direito”.

Medidas adicionais contra a imigração

Um documento divulgado no site oficial do USCIS afirma que os benefícios serão negados ao estrangeiro que "tenha endossado, promovido, apoiado ou de outra forma defendido as opiniões de uma organização ou grupo terrorista - incluindo estrangeiros que apoiam ou promovem ideologias ou atividades antiamericanas, terrorismo antissemita e organizações terroristas antissemitas - ou que promovam ideologias antissemitas".

Cidadania por nascimento e políticas de viagem

Cinco dias antes, a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil havia publicado um vídeo em sua conta no X avisando a mulheres grávidas que "não é permitido" viajar ao país apenas com o objetivo de dar à luz e garantir a cidadania americana aos seus filhos. A publicação se soma às medidas anti-imigração do governo Trump, que fez recentemente uma investida judicial contra a cidadania por nascimento.

"Viajar para os EUA com o principal objetivo de dar à luz para que seu filho obtenha cidadania americana não é permitido. Oficiais consulares vão negar o seu pedido de visto caso haja indícios de que essa é a sua intenção", diz o post.

Em junho deste ano, a Suprema Corte dos Estados Unidos emitiu uma decisão que abriu caminho para transformar em lei uma proposta de Donald Trump que visa proibir a cidadania americana a filhos de turistas nascidos no país. A cidadania por nascimento torna automaticamente qualquer pessoa nascida no país um cidadão americano, incluindo crianças nascidas de mães que estavam no país ilegalmente. O direito foi consagrado logo após a Guerra Civil na 14ª Emenda da Constituição.

A ordem executiva para limitar a cidadania pelo direito de nascença foi assinada por Trump no seu primeiro dia de governo, em 20 de janeiro.