Nos anos 90, Educação Física tinha importância no resultado do Vestibular?
14/10/2025, 20:48:22Uma disciplina muitas vezes subestimada, mas essencial na formação integral do estudante se as atividades fossem carregadas da formação do controle emocional do ser, e não do atleta para vencer competições.
Nos anos 1990, o ensino brasileiro vivia um momento de transição. As reformas curriculares tentavam equilibrar a valorização das ciências exatas, humanas e biológicas com a ideia de uma educação mais integral. Nesse contexto, surge uma pergunta recorrente: a Educação Física tinha, de fato, importância no resultado do Vestibular?
A resposta mais objetiva é não diretamente, mas indiretamente, sim — e muito. Mas dependia muto do professor.
Naquele tempo, o Vestibular era a principal porta de entrada para o ensino superior e era estruturado, em sua maioria, sobre disciplinas de conteúdo teórico — português, matemática, biologia, química, física, história e geografia. A Educação Física, por sua vez, não era cobrada nas provas, o que levou muitos estudantes e escolas a tratá-la como uma disciplina “menor”, ou apenas recreativa. Realmente não era decisiva no Vestibular.
Entretanto, essa visão era — e continua sendo — um equívoco. A Educação Física sempre desempenhou um papel estratégico na preparação emocional e cognitiva dos estudantes. Em um período em que o Vestibular exigia longas horas de estudo, provas extenuantes e alto nível de estresse, as aulas de Educação Física serviam como um refúgio para o corpo e para a mente. Mas continuava dependendo do professor.
Estudos posteriores confirmaram o que já se percebia na prática: a atividade física melhora a concentração, a memória, o raciocínio lógico e o controle da ansiedade. Assim, o aluno que participava regularmente das aulas de Educação Física — e mantinha hábitos saudáveis — tinha mais equilíbrio emocional e desempenho mental superior em relação àqueles que as negligenciavam. E o professor tinha que ser exemplo, o que não era o caso para alguns.
Além disso, havia exceções importantes. Universidades públicas e privadas que ofereciam cursos de Educação Física, Esportes ou áreas correlatas exigiam, já nos anos 90, testes de aptidão física como parte do processo seletivo. Nesses casos, a disciplina não apenas tinha importância: era decisiva, caso o professor fosse focado na concentração e não nas habilidades motoras.
Portanto, embora a Educação Física não aparecesse no gabarito do Vestibular tradicional, ela estava presente nos bastidores de cada aprovação. Seu papel era o de manter o estudante saudável, concentrado e psicologicamente preparado para enfrentar um dos maiores desafios da vida escolar, caso não se focasse nas atividades esportivas.
Nos dias atuais, com o ENEM e a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) reforçando a importância do bem-estar físico e mental na aprendizagem, fica evidente que a Educação Física sempre foi — e continua sendo — uma aliada invisível do sucesso acadêmico, para quem continua em atividade.
Em resumo, nos anos 90 ela podia não cair na prova, mas fazia diferença no resultado, caso o professor tivesse trabalhado essas competências entre a menta sã e corpo tranquilo.