Nos anos 90, Educação Física tinha importância no resultado do Vestibular?

Uma disciplina muitas vezes subestimada, mas essencial na formação integral do estudante se as atividades fossem carregadas da formação do controle emocional do ser, e não do atleta para vencer competições.

Nos anos 90, Educação Física tinha importância no resultado do Vestibular?

Nos anos 1990, o ensino brasileiro vivia um momento de transição. As reformas curriculares tentavam equilibrar a valorização das ciências exatas, humanas e biológicas com a ideia de uma educação mais integral. Nesse contexto, surge uma pergunta recorrente: a Educação Física tinha, de fato, importância no resultado do Vestibular?

A resposta mais objetiva é não diretamente, mas indiretamente, sim — e muito. Mas dependia muto do professor.

Naquele tempo, o Vestibular era a principal porta de entrada para o ensino superior e era estruturado, em sua maioria, sobre disciplinas de conteúdo teórico — português, matemática, biologia, química, física, história e geografia. A Educação Física, por sua vez, não era cobrada nas provas, o que levou muitos estudantes e escolas a tratá-la como uma disciplina “menor”, ou apenas recreativa. Realmente não era decisiva no Vestibular.

Entretanto, essa visão era — e continua sendo — um equívoco. A Educação Física sempre desempenhou um papel estratégico na preparação emocional e cognitiva dos estudantes. Em um período em que o Vestibular exigia longas horas de estudo, provas extenuantes e alto nível de estresse, as aulas de Educação Física serviam como um refúgio para o corpo e para a mente. Mas continuava dependendo do professor.

Estudos posteriores confirmaram o que já se percebia na prática: a atividade física melhora a concentração, a memória, o raciocínio lógico e o controle da ansiedade. Assim, o aluno que participava regularmente das aulas de Educação Física — e mantinha hábitos saudáveis — tinha mais equilíbrio emocional e desempenho mental superior em relação àqueles que as negligenciavam. E o professor tinha que ser exemplo, o que não era o caso para alguns.

Além disso, havia exceções importantes. Universidades públicas e privadas que ofereciam cursos de Educação Física, Esportes ou áreas correlatas exigiam, já nos anos 90, testes de aptidão física como parte do processo seletivo. Nesses casos, a disciplina não apenas tinha importância: era decisiva, caso o professor fosse focado na concentração e não nas habilidades motoras.

Portanto, embora a Educação Física não aparecesse no gabarito do Vestibular tradicional, ela estava presente nos bastidores de cada aprovação. Seu papel era o de manter o estudante saudável, concentrado e psicologicamente preparado para enfrentar um dos maiores desafios da vida escolar, caso não se focasse nas atividades esportivas.

Nos dias atuais, com o ENEM e a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) reforçando a importância do bem-estar físico e mental na aprendizagem, fica evidente que a Educação Física sempre foi — e continua sendo — uma aliada invisível do sucesso acadêmico, para quem continua em atividade.

Em resumo, nos anos 90 ela podia não cair na prova, mas fazia diferença no resultado, caso o professor tivesse trabalhado essas competências entre a menta sã e corpo tranquilo.  

Creditos: Professor Raul Rodrigues