Segurança Pública e o Combate ao Crime Organizado
14/10/2025, 08:31:18Por Coronel Paganotto
Coronel Paganotto, colunista do iG, com mais de três décadas dedicadas à segurança pública, iniciou sua formação na Escola de Cadetes do Exército e, em seguida, na Academia Militar do Barro Branco. Sua trajetória inclui o comando de patrulhamento tático e territorial nas zonas sul e norte de São Paulo, além de passagens por unidades de elite como a ROTA (5 anos), o Comando de Operações Especiais e uma missão de dois anos infiltrado no sistema prisional. Por 12 anos, liderou o Policiamento Rodoviário no litoral de São Paulo e no sistema Anchieta-Imigrantes. É Doutor em Ciências de Segurança Pública e Bacharel em Direito com especialização em Processo Penal. Em 2025, assumiu a Secretaria de Segurança Pública do Município de Monte Mor - SP.
Está cada vez mais comum ouvir dos gestores de polícias a seguinte frase: "O combate ao crime organizado deve ser feito pelo rastreio do dinheiro". A técnica adotada desde os tempos de Capone, na retórica parece o descobrimento do segredo da lâmpada, mas na realidade escancara deficiências de controle e ambiente propício ao crime. Matérias dando conta de crimes complexos e organizados, envolvendo enormes quantias, têm sido rotina nas mídias. Dos financeiros aos violentos, direta ou indiretamente, prejuízos consideráveis e maldade extrema vão deixando rastro de sofrimento social. Nada espantoso em terras tupiniquins! O que é novo e chama a atenção são as cifras e caminhos nunca antes expostos. O reduto da Faria Lima, antes inatingível, já frequenta os editoriais que antes só eram preenchidos pelas comunidades carentes.
Mais interessante ainda é que, não raras vezes, nos deparamos com pessoas de vida simples caindo na malha fina do sistema tributário. Os mesmos olhos minuciosos que enxergam quantias insignificantes, não rastreiam gigantes dos crimes. A segurança pública é feita por várias frentes com toda a certeza, mas a cegueira financeira cria o ambiente impulsionador para a impunidade e alcance do poder paralelo. A inteligência artificial, motorizada por algoritmos e bancos de dados infinitos, não está sendo capaz de avaliar redes, aportes e crescimentos injustificados de fortunas? Tanta inovação está sendo utilizada de forma preventiva ou reativa? Realmente estamos observando diversas operações de grande vulto, prisões e exposição de nichos impensáveis, mas na terra de gigantes do crime, o impacto na segurança pública ainda tem sido muito aquém do esperado.
Se temos eficiência para descobrir pequenas falhas em declarações de renda, podemos evoluir muito no rastreio dos tesouros das quadrilhas. Que a lavagem de dinheiro seja substituída por uma sociedade limpa do ranço criminoso e da facilidade de encobrir as reais origens dos bens. Combater crime não se resume à perseguições e troca de tiros.