Quão difícil é viver em meio à fogueira das vaidades

Onde o brilho do ego queima a convivência e consome a razão

Quão difícil é viver em meio à fogueira das vaidades

Viver em meio à fogueira das vaidades é caminhar sobre brasas acesas de disputas silenciosas, de olhares enviesados e de palavras ditas não para construir, mas para se destacar. É um exercício de resistência emocional e moral, principalmente quando o ambiente é pequeno demais para tantos egos inflamados.

A vaidade, quando não controlada, transforma o convívio em competição. Não há diálogo que sobreviva, nem causa que avance, quando cada um busca apenas o aplauso próprio. É a morte da coletividade em favor da exaltação individual. O “nós” é substituído pelo “eu” — e nesse processo, perde-se a harmonia, a humildade e o propósito comum.

Em ambientes políticos, sociais ou até religiosos, a fogueira das vaidades é o maior obstáculo ao progresso. Muitos preferem o destaque vazio à contribuição real; buscam a fotografia, não a obra. E quem tenta agir com simplicidade e sinceridade, acaba sendo queimado por essa chama invisível, alimentada por invejas, medos e disfarces.

Sobreviver a isso exige sabedoria. É preciso aprender a se afastar do calor excessivo sem perder o rumo. Não se trata de renunciar aos méritos, mas de entender que o verdadeiro valor de alguém não está em ser visto, e sim em ser útil.

No fim, as cinzas da vaidade sempre restam, mas o tempo — esse juiz silencioso — apaga os brilhos falsos e revela o que realmente tem substância. Viver em meio à fogueira das vaidades é difícil, mas é também um teste de caráter: apenas os que resistem sem se queimar mantêm a chama da dignidade acesa.

Quer que eu dê um tom mais político (por exemplo, voltado à realidade de Penedo ou de figuras públicas alagoanas), ou prefere que mantenha esse tom mais reflexivo e universal?

Creditos: Professor Raul Rodrigues