Eleições 2026: uma caixinha de surpresas até setembro de 26

Entre alianças frágeis, egos inflados e um eleitor cada vez mais imprevisível, as eleições de 2026 prometem reviravoltas até o apagar das luzes da campanha.

Eleições 2026: uma caixinha de surpresas até setembro de 26

As eleições de 2026 prometem ser o mais imprevisível espetáculo político da última década. Nenhum analista, por mais experiente que seja, arrisca cravar cenários definitivos antes de setembro daquele ano — quando, de fato, o tabuleiro começará a mostrar suas peças reais. Até lá, o que temos é um jogo de sombras, de ensaios, de alianças provisórias e de sorrisos que escondem punhais.

A política brasileira vive um tempo de transformações silenciosas. O eleitor, mais exigente e menos fiel, já não se deixa conduzir facilmente por velhos caciques ou por discursos prontos. As redes sociais continuam ditando o ritmo, mas o desgaste da polarização tem provocado um desejo coletivo por alternativas mais equilibradas — ainda que essas alternativas, muitas vezes, nasçam do mesmo ventre político que se critica.

Nos bastidores, o movimento é intenso. Partidos testam nomes, medem rejeições, e sondam os ventos das pesquisas qualitativas. A esquerda busca consolidar o que resta do lulismo sem se deixar engolir pelo peso do governo; a direita, fragmentada entre o bolsonarismo, o liberalismo e o populismo disfarçado, tenta reencontrar um discurso que vá além da raiva e do ressentimento. O centro, esse eterno campo de promessas, continua à procura de um rosto e de uma voz.

Em estados como Alagoas, as eleições para governador e Senado prometem ser termômetro do cenário nacional. As alianças locais se redesenham conforme o humor de Brasília, e muitos que hoje se abraçam nas inaugurações de obras podem se enfrentar nas urnas poucos meses depois. A lealdade política, afinal, é uma moeda de curto prazo.

Até setembro de 2026, tudo pode mudar — e provavelmente mudará. As pesquisas oscilarão, os escândalos aparecerão, os discursos serão reciclados e as traições se consumarão nos bastidores. É o roteiro clássico da política brasileira: uma caixinha de surpresas onde o impossível é apenas o que ainda não aconteceu.

No fim, o eleitor, cansado, será novamente convocado a escolher entre o novo que parece velho e o velho que se disfarça de novo. E como sempre, a história seguirá o curso que o povo — entre a esperança e o desencanto — decidir trilhar.

Porque nas eleições brasileiras, até o último minuto, o jogo nunca está decidido.

Creditos: Professor Raul Rodrigues