Cessar-fogo e suas implicações no conflito Israel-Hamas
10/10/2025, 05:32:01Entendendo o cessar-fogo no conflito Israel-Hamas
Hamas anunciou nesta quinta-feira (9) o fim da guerra e um cessar-fogo permanente. O acordo de cessar-fogo firmado entre Israel e o grupo terrorista Hamas poderia ter ocorrido muito antes, se os reféns inocentes sequestados no massacre de 7 de outubro de 2023 tivessem sido libertados. Esse ataque foi o estopim de uma guerra brutal: terroristas invadiram Israel, cometeram assassinatos em massa de homens, mulheres, crianças e idosos, e raptaram centenas de pessoas, levando-as para Gaza em condições desumanas. Desde então, Israel não luta por conquista territorial, mas pela proteção de seu povo e pela sua própria sobrevivência. Nenhuma ideologia ou disputa política pode justificar a contínua perda de vidas inocentes.
O cessar-fogo representa, acima de tudo, uma pausa necessária para que famílias respirem, hospitais voltem a salvar vidas e crianças possam retornar às escolas. A mensagem é clara: a vida humana deve estar acima da guerra.
O custo do acordo
No entanto, esse acordo traz um custo doloroso. Para receber de volta 48 reféns — alguns vivos, outros não —, Israel precisa libertar milhares de prisioneiros, muitos deles condenados por crimes brutais, incluindo assassinatos. É uma troca dura e injusta, que reforça a crueldade do inimigo, mas que também revela a essência judaica. O Talmud ensina: "Aquele que salva uma vida, salva o mundo inteiro." Por essa razão, Israel aceita pagar esse preço, já que, para nós, cada indivíduo — independentemente de origem, fé ou etnia — é insubstituível. Essa escolha demonstra, mais uma vez, que Israel não abandona seus filhos. Contudo, a libertação de assassinos representa um fardo estratégico e moral, fortalecendo discursos de ódio do Hamas e mostrando que o inimigo não negocia de boa-fé, mas sim com chantagem.
Um acordo frágil
O acordo é delicado. Ele prevê a libertação de reféns e a entrada de ajuda humanitária, mas deixa questões em aberto: qual será o futuro de Gaza? Como será garantida a segurança de Israel? Qual a responsabilidade da comunidade internacional na fiscalização? A diplomacia conquistou uma vitória rara, mas a desconfiança continua a ser uma característica marcante desse conflito. O mundo observa com atenção. Estados Unidos, Egito, Catar e outros países tiveram papéis centrais nas negociações. A pressão internacional foi crucial para a concretização desse acordo, mas deve continuar. A paz só terá verdadeiras chances se houver um monitoramento contínuo e exigências reais de compromissos concretos.
O significado do cessar-fogo
Esse cessar-fogo é mais do que uma simples pausa; é um teste. Um teste de humanidade para todos os envolvidos. É uma oportunidade de transformar ódio em diálogo e de construir um futuro que não dependa de cemitérios para contar sua história. Como rabino, oro para que esse seja o primeiro passo em uma jornada longa, mas necessária. E, como cidadão do mundo, imploro que líderes e povos não desperdicem essa rara oportunidade. E, como judeu, espero que as mentiras e o irracional antissemitismo se extingam junto com as explosões. Porque paz não é apenas a ausência de tiros, mas a presença de justiça, dignidade, respeito e vida.
Rabino Sany Sonnenreich
Presidente do Instituto Rav Sany de Comunicação e Cultura Judaica