O que fazer ao encontrar uma cobra em casa

O que fazer ao encontrar uma cobra em casa

Como agir ao encontrar uma cobra em casa?

A presença de animais silvestres, como cobras, ao ambiente doméstico costuma gerar medo e apreensão, mas manter a calma é essencial para agir com segurança. Além do cuidado e paciência garantirem a proteção dos moradores, é preciso lembrar que esses animais, muitas vezes em busca de abrigo ou alimento, precisam de um manejo adequado. Isolar o ambiente, evitar qualquer tentativa de contato físico e acionar equipes especializadas são medidas fundamentais para garantir uma solução segura, tanto para as pessoas quanto para o animal.

Espécies comuns de cobras urbanas

Para entender melhor quais espécies são mais comuns de serem encontradas em locais urbanos e o que leva o animal a ter contato com humanos, o Portal iG conversou com Tiago Lima, biólogo do criador jibóias Brasil. De acordo com o especialista, as espécies que mais aparecem em áreas urbanas são a dormideira (também conhecida como cobra-de-jardim) e a falsa-coral. Mas também pode ocorrer avistamentos eventuais de outras espécies como cobra-verde, cobra-d'água e jiboia — todas elas não peçonhentas, ou seja, não são venenosas.

Casos raros com cobras peçonhentas

Casos envolvendo serpentes venenosas, como jararacas e cascavéis, são considerados raros. E Tiago explica o porquê: “No Brasil, existem aproximadamente 400 espécies de serpentes, mas apenas cerca de 55 são peçonhentas. Então o percentual de cobras não peçonhentas é infinitamente maior”. Entretanto, o especialista diz que os motivos que levam uma cobra a entrar em residências geralmente estão ligados à busca por alimento ou abrigo. Locais com entulho, madeira empilhada ou vegetação densa atraem não apenas os répteis, mas também suas presas, como roedores. Por isso, manter quintais e áreas externas limpas é a melhor forma de prevenção.

Os cuidados em caso de picadas

Ele também alerta que um dos erros mais comuns em caso de acidente com o animal, principalmente espécies com peçonha, é fazer uso do torniquete. “O uso de torniquete, ou garrote, como também é chamado, deve ser evitado em casos de picada de cobra, especialmente de jararaca. Isso pode interromper a circulação do sangue e o veneno acaba se concentrando no local da picada, o que aumenta o risco de necrose e pode até levar à amputação do membro afetado”. De acordo com o biólogo, "segundo dados do Butantan, a estimativa de tempo médio ideal para atendimento em caso de picada é de até duas horas, sendo fundamental destacar que o soro antiofídico está disponível apenas na rede pública de saúde". Ele complementa: "O soro é produzido pelos governos estaduais de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro e repassado ao Ministério da Saúde, que faz a distribuição. Por isso, o cidadão deve buscar atendimento em hospitais públicos". Quanto aos primeiros socorros, reforça: "É essencial evitar o garrote. O procedimento correto inclui remover acessórios como anéis, meias ou qualquer item que possa comprimir o local, garantindo a livre circulação sanguínea”.

Diferenciação entre serpentes e cobras

Embora os dois termos sejam usados como sinônimos no Brasil, "serpente" é o nome técnico e científico para o grupo de répteis sem patas pertencentes à subordem Serpentes. Já "cobra" é um termo popular, derivado do latim colubra, usado no cotidiano para se referir a essas mesmas criaturas. Ou seja, toda cobra é uma serpente, mas o termo "serpente" é mais apropriado em contextos acadêmicos ou científicos.

Orientações do Corpo de Bombeiros

O iG também entrou em contato com o Corpo de Bombeiros de São Paulo para obter mais orientações no caso de um eventual encontro com o animal. A corporação orientou que ao avistar uma cobra dentro de casa ou em qualquer propriedade, o morador deve manter a calma e evitar se aproximar, independentemente de ser uma espécie peçonhenta ou não. Além disso, informaram que o indicado é que as pessoas acionem imediatamente o Corpo de Bombeiros, que possui equipes treinadas para realizar a captura de forma segura e adequada, sem colocar em perigo os moradores nem o próprio animal.

Medidas preventivas

Entre as principais medidas preventivas para evitar a presença de serpentes em áreas residenciais estão: manter o ambiente limpo, sem acúmulo de lixo, e vedar possíveis acessos, como soleiras de portas, ralos e aberturas. Também é importante redobrar a atenção após queimadas e incêndios em vegetação, já que esses episódios costumam expulsar animais silvestres de seu habitat, aumentando as chances de que procurem refúgio em áreas urbanas.

Situações de acidente e resgate

Questionados sobre como proceder em casos de acidentes, o Corpo de Bombeiros de São Paulo responde que o ideal é "verificar se o local está seguro e tentar identificar o animal à distância, sem tentar capturá-lo. A vítima deve lavar o local da picada com água e sabão e ser levada imediatamente ao serviço de saúde mais próximo”. Eles ainda reforçam que as cobras exercem um papel essencial no equilíbrio ambiental e a população deve evitar matar ou ferir o animal. “Mesmo que as cobras, em algumas situações, possam representar risco à saúde ou à vida de pessoas e outros animais, elas são fundamentais para a manutenção do equilíbrio ambiental. Por isso, evite matá-las ou feri-las. A atitude mais adequada é se afastar do local e acionar apoio especializado, para que o animal possa ser reintroduzido em seu habitat natural. Lembre-se: as cobras, e outros animais silvestres, não têm culpa e desempenham um papel importante na natureza” , conclui. Em situações envolvendo cobras e outros animais silvestres, resgate de fauna, incêndios ou outras emergências, acione imediatamente o Corpo de Bombeiros através do número 193.