Lula avança agenda econômica com popularidade em alta

Lula avança agenda econômica com popularidade em alta

Lula e sua popularidade no cenário atual

Lula ganhou uma boa notícia no dia em que uma votação importante, a da taxação das bets e das fintechs, será decidida no Congresso. Na pesquisa Quaest, divulgada na manhã desta quarta-feira (8), o presidente aparece com 48% de aprovação, contra 49% de desaprovação – um empate na margem de erro, de dois pontos percentuais. Parece pouco para quem encerrou o segundo mandato com 80% de ótimo/bom, mas aqueles tempos acabaram. Hoje, devido à polarização, quem alcança perto de 50% de aprovação tem um latifúndio de capital político a favor. Atingir mais que isso é quase gabaritar a prova.

Isso porque, aconteça o que acontecer, haverá sempre entre 20% a 30% de eleitores que votam no diabo, mas não no candidato da esquerda ou da direita. Sobra pouco para negociar, e esses nacos são ganhos geralmente pelo bolso. Esta tem sido a aposta do governo Lula, que trinca os dentes na pauta ideológica e joga as fichas na agenda econômica.

Avanços na Câmara e Senado

O Planalto venceu, ao menos parcialmente, a queda de braço na Câmara pela isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. No Senado, a bola está com Renan Calheiros (MDB-AL), aliado que vai relatar e promete corrigir distorções feitas pelos deputados no projeto de origem. Metade do jogo está ganho.

Desafios da agenda econômica

A um ano da eleição, Lula dobra a aposta. Seus ministros estão em campo para ampliar a arrecadação de setores que ganham muito e pagam pouco à União. As casas de apostas são um exemplo. O governo havia editado uma medida provisória para enquadrar esses setores, e os parlamentares deixaram para analisar o texto na última hora sob o risco de a MP (chamada de MP do IOF) caducar.

Na antevéspera, uma comissão especial aprovou, com uma diferença de apenas um voto, uma versão desidratada do projeto, que agora segue para o plenário das duas Casas. Centrão e bolsonaristas prometem jogar duro. Alguns porque legislamin em causa própria. Outros porque são mais sensíveis ao lobby dos setores atingidos. Outros porque são os próprios setores atingidos.

A estratégia governamental frente ao Legislativo

Os emissários do governo até topam perder os anéis para ficar com os dedos. Mas não muito. Fortalecido na disputa (e agora com o recuo) de Donald Trump na questão das tarifas, Lula joga com a popularidade a favor para criar um dilema aos deputados e senadores. Eles podem votar como bem entenderem. Mas hoje brigar com o governo é mau negócio: Lula não vai perder a chance de expor os "inimigos do povo", como fez com os idealizadores da PEC da Blindagem, que ele chamou de "vergonha nacional", ou mesmo com os defensores da anistia – hoje uma miragem da causa bolsonarista, esvaziada tanto quanto as ruas que eles prometiam lotar para criar pressão social sobre o Congresso.

Passaram longe disso, e deixaram o caminho aberto para Lula emplacar sua agenda, que inclui a taxação dos super ricos e o fim da escala 6 por 1. Se reclamarem, a equipe econômica coloca na roda ainda o projeto de tarifa zero para transporte público. Todos projetos com alto potencial eleitoral.

Conclusão

Na queda de braço com o Parlamento, este pode até ganhar no voto agora, mas o preço do ponto de vista eleitoral será considerável daqui a alguns meses. Com suas ações, Lula busca garantir a sustentação de sua popularidade e implementar reformas que podem ser decisivas para o futuro político do país.