Brasil registra 59 casos de intoxicação por metanol
03/10/2025, 09:01:22Brasil registra 59 notificações de intoxicação por metanol
O Brasil já registrou 59 notificações associadas a intoxicação por metanol, até a tarde desta quinta-feira (2). Dessas, em 11 casos já foi confirmada a presença da substância por meio de detecção laboratorial e as outras 48 estão em investigação.
O balanço foi apresentado pelo ministro Alexandre Padilha, da Saúde, em entrevista à imprensa na sala de situação instalada pelo governo para monitorar os casos e coordenar as medidas de resposta.
Inicialmente, o Padilha havia confirmado um 12º caso confirmado em Brasília. Mas o ministério recuou e informou que o caso do rapper Hungria ainda é contabilizado como suspeito.
Ainda de acordo com o Ministro, apenas uma morte decorrente desse tipo de intoxicação foi confirmada, no estado de São Paulo. Mais sete óbitos seguem em investigação, sendo dois em Pernambuco e os outros cinco também em São Paulo.
Em relação aos estados que tiveram registros de casos, o ministro informou que 53 são de São Paulo, 5 são de Pernambuco e 1 é do Distrito Federal.
Os casos de São Paulo que ganharam destaque no fim de semana acenderam o alerta de outros estados, que começaram a se mobilizar.
No território paulista, além da criação de um gabinete de crise para tratar o problema, também estão sendo realizadas operações de fiscalização em estabelecimentos comerciais.
Durante a coletiva, Padilha informou também que foi estabelecido um estoque de etanol farmacêutico nos hospitais universitários federais e a compra de 4.3 mil ampolas para que elas estejam disponíveis para qualquer centro de referência ou unidade de saúde que não tenha.
O etanol farmacêutico aplicado na veia age como antídoto, pois impede que o metanol ingerido circule no sangue, chegue ao fígado e seja convertido em ácido fórmico, que é o que causa todos os danos no organismo.
“Já temos um estoque desse produto, e estamos ampliando. Vários estados compram esse produto e já têm esse produto disponível. Eventualmente, estados, secretarias estaduais e municipais que não tiverem, elas podem acionar esses estoques que estão concentrados nos hospitais universitários e a gente pode deslocar isso de imediato”, afirmou.
Além disso, ela disse que a Anvisa mapeou no Brasil 604 farmácias que já produzem o etanol farmacêutico.
“Nós vamos passar esses dados também para os gestores estaduais e municipais para que eles possam adquirir caso seja necessário”, afirmou. “A utilização do etanol farmacêutico pode não só evitar a morte, mas também evitar sequelas e agravos”, acrescentou.
Padilha também falou do rastreamento da procedência da bebida consumida, em caso de pacientes com os sintomas da intoxicação por metanol.
“O profissional de saúde é obrigado a perguntar para aquela pessoa o que ela acha que ingeriu. Se foi em uma festa a gente identifica e vai identificar quem forneceu a bebida para aquela festa, se alguém que comprou numa festa menor. Isso permite o rastreamento de onde vem aquela bebida”, exemplificou o ministro.
Ele também falou sobre o fomepizol ser a outra opção de antídoto nos casos de intoxicação por metanol.
O problema é que o medicamento ainda não está disponível no Brasil e precisa ser importado, embora conste na lista de antídotos dos medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde (OMS). “O manejo de aplicação do fomepizol é mais fácil. Por isso, é uma alternativa que estamos buscando. Não tem grande circulação no mundo, mas fomos atrás dos produtores”, destacou.
Fazem parte da equipe técnica da sala de situação do governo representantes dos ministérios da Saúde, Justiça e Segurança Pública, Agricultura e Pecuária, pelos conselhos Nacional de Saúde (CNS), Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), Anvisa e as secretarias de Saúde de São Paulo e Pernambuco.