Presidente da Conafer é preso durante CPMI do INSS

Presidente da Conafer é preso durante CPMI do INSS

Detenção do Presidente da Conafer

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes bilionárias relacionadas aos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) prendeu em flagrante o presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes.

Motivo da Prisão

O presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou que Lopes mentiu ao colegiado, mesmo após ter se comprometido a falar a verdade. A prisão ocorreu durante um depoimento da CPMI no Senado Federal, na madrugada desta terça-feira (30). Durante seu depoimento, Lopes negou qualquer participação em fraudes relacionadas a descontos de aposentados e alegou não ter conhecimento sobre operações de pessoas e empresas ligadas à sua entidade que estão sob investigação.

Consequências da Mentira

Segundo Viana, Lopes ocultou informações e tentou convencer a comissão de que suas operações eram regulares, o que pode caracterizar o crime de falsidade ideológica. O pedido de prisão foi formalizado pelo deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), que argumentou que Carlos Roberto Ferreira teria cometido o crime de falso testemunho pelo menos quatro vezes durante a oitiva. O relator da CPMI, por sua vez, informou que também solicitara a prisão preventiva de Lopes desde esta terça.

Liberação Após Pagamento de Fiança

Carlos Lopes pagou fiança e foi liberado ainda na madrugada, tendo o valor permanecendo em sigilo. Ele é considerado um dos principais articuladores de um esquema que teria desviado recursos de aposentados e pensionistas. A Conafer, entidade que Lopes preside, é a segunda maior organização associativa no que diz respeito a descontos nas mensalidades de aposentados.

Investigação da Polícia Federal

A investigação conduzida pela Polícia Federal revelou que os descontos realizados pela Conafer eram ilegais, ocorrendo sem a autorização dos beneficiários do INSS. Lopes, durante o depoimento ao relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou que a Conafer chegou a solicitar um termo de cooperação técnica com o INSS entre 2011 e 2012, o qual foi aprovado somente em 2017.

Impactos Financeiros

De acordo com Lopes, até o ano de 2025, a Conafer registrou cerca de 620 mil aposentados com descontos, gerando um movimento financeiro de aproximadamente R$ 500 milhões a R$ 600 milhões. O CPMI investiga um esquema de desvios irregulares que teria causado um prejuízo estimado de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, sendo R$ 4,1 bilhões apenas nos dois primeiros anos do atual governo. O plano de trabalho da comissão contempla seis eixos de investigação, englobando o mapeamento do esquema, a identificação dos responsáveis e a análise do impacto sobre os beneficiários. O governo destinou R$ 3,3 bilhões via Medida Provisória para ressarcir as vítimas de descontos indevidos.