Metanol em bebidas pode afetar todo o Brasil

Metanol em bebidas pode afetar todo o Brasil

Casos de metanol em bebidas

Segundo o ministro Ricardo Lewandowski, \"tudo indica que existe uma rede de distribuição\" de produtos adulterados em todo o país.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou que bebidas alcoólicas adulteradas com metanol podem estar circulando para além do estado de São Paulo, onde três pessoas já morreram e dez seguem sob investigação, conforme confirmado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-SP) ao Portal iG. \"Tudo indica que existe uma distribuição para além do estado de São Paulo\", disse Lewandowski. \"Foi aberto inquérito na Polícia Federal para verificar a procedência da substância e a possível rede de distribuição\", complementou.

Vínculos com organizações criminosas

O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, acrescentou que não descarta a possibilidade de ligação com organizações criminosas. \"A investigação dirá se há conexão com o crime organizado\", afirmou.

Gravidade da intoxicação por metanol

O metanol é uma substância usada em processos industriais e, por ser altamente tóxica, pode levar à cegueira, ao coma e até à morte. Em nota à imprensa, o Ministério da Justiça e Segurança Pública explicou que, quando ingerida, a substância \"é metabolizada no organismo em produtos tóxicos (como formaldeído e ácido fórmico), que podem levar ao óbito\". Os principais sintomas de uma intoxicação por metanol incluem visão turva ou perda de visão (podendo chegar à cegueira) e mal-estar generalizado (náuseas, vômitos, dores abdominais, sudorese).

Casos alarmantes em São Paulo

Segundo o governo estadual, desde junho foram confirmados seis casos de intoxicação por metanol, e outros dez seguem sob investigação. Os três óbitos incluem um homem de 58 anos em São Bernardo do Campo, outro de 54 na capital e um terceiro, de 45, ainda com local de residência em apuração. O MJSP também alerta para a possibilidade de existirem casos ainda não notificados, que permanecem sob investigação e aguardam confirmação laboratorial.

Número "anormal" de casos, diz Padilha

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que é um número \"anormal\" de casos, pois supera da metade do total anual contabilizado pelo ministério. \"O país costuma ter 20 casos por ano de intoxicação por metanol. Desde setembro, já tivemos quase metade desse total, concentrado apenas em São Paulo. Estamos diante de uma situação diferente de tudo que temos na série histórica\", afirmou Padilha.

Reflexões sobre o padrão de intoxicações

O ministro destacou que o perfil das intoxicações chamou atenção das autoridades: ocorreram em pouco tempo e em bares e adegas, diferente do padrão anterior, quando se limitava a pessoas em situação de vulnerabilidade e de rua.

Protocolo de ação contra a intoxicação

Padilha adicionou que a Saúde está reforçando a coordenação com as secretarias de saúde e vigilância de todo o país. Em breve, será publicada uma nova nota técnica específica sobre a intoxicação por metanol, com orientações detalhadas a profissionais de saúde para o cuidado das vítimas. \"Quero reforçar a orientação aos administradores locais para alertarem os profissionais de saúde para utilizar o guia de saúde e notificar imediatamente cada suspeita e caso confirmado para o Ministério da Saúde, que devem reforçar as investigações da PF\", pontuou o ministro.

Aumento da fiscalização nos estabelecimentos

Equipes do Procon-SP e da Vigilância Sanitária aumentaram a fiscalização em bares, depósitos e comércios de bebidas alcoólicas para identificar produtos adulterados. As ações foram concentradas especialmente em regiões onde houve registros de intoxicação, segundo a Secretaria do Estado de Saúde de São Paulo. \"Somente neste mês de setembro, foram realizadas mais de 43 mil ações de fiscalização nos 645 municípios paulistas, no segmento de comércios de bebidas, alimentos, bares, restaurantes e adegas\", diz a nota. Também foram fiscalizados os locais suspeitos de comercializar bebidas que levaram à intoxicação por metanol.

Recomendações à população

A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) emitiu uma nota recomendando que bares e restaurantes suspendam a venda de bebidas suspeitas em São Paulo. \"A Abrasel reforça a recomendação em nota do Ministério da Justiça, de que bares e restaurantes, diante de qualquer suspeita, suspendam a venda de bebida e comuniquem as autoridades. A nota destaca que preços baixos, lacres tortos, erros de impressão e odor semelhante a solventes devem ser tratados como suspeita de adulteração\", diz a nota.