Trump apresenta plano para supervisão internacional em Gaza
30/09/2025, 07:33:02Plano de supervisão internacional em Gaza
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou nesta segunda-feira (29) o "Plano abrangente para encerrar o conflito em Gaza", também conhecido como "Plano de 20 Pontos". Esta proposta foi divulgada antes de sua reunião com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e visa estabelecer um cessar-fogo imediato, a criação de um governo transitório palestino e a supervisão internacional da Faixa de Gaza.
O plano prevê a formação de um comitê de tecnocratas palestinos encarregados de administrar serviços essenciais como saúde, educação e administração municipal. Esse comitê será supervisionado por um órgão internacional temporário chamado Board of Peace (Conselho de Paz), que será presidido por Donald Trump e contará com a participação do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. Embora a composição completa do conselho ainda não tenha sido divulgada, a Casa Branca informou que incluirá representantes de países aliados.
Atribuições do Conselho de Paz
Entre as atribuições do conselho estão a desmilitarização de Gaza, com inspetores independentes designados para desarmar o Hamas, além da criação de uma força de estabilização internacional para treinar uma nova polícia palestina. O conselho também será responsável por coordenar a reconstrução da região através do "Plano de Desenvolvimento Econômico Trump", que propõe a transformação de Gaza em uma zona econômica especial.
O financiamento para este plano será gerido em conjunto com a ONU e o Crescente Vermelho, sem deslocamento forçado da população local. O plano inclui a libertação de todos os reféns em um prazo de até 72 horas, além de uma troca de prisioneiros que envolve a libertação de 250 palestinos condenados à prisão perpétua e 1.700 detidos por Israel, bem como a retirada gradual das forças israelenses.
Netanyahu expressou aceitação preliminar da proposta, mas alertou que, caso o Hamas a rejeite, Israel continuará sua ofensiva militar.
Críticas e Reações ao Projeto
Os representantes do Hamas reagiram afirmando não ter recebido oficialmente o plano, classificando-o como uma forma de rendição, uma vez que o grupo seria excluído da governança futura. Entretanto, líderes de países árabes como Arábia Saudita, Egito e Qatar mostraram apoio inicial à proposta, ressaltando a promessa de reconstrução e a ausência de expulsões em massa.
A ONU e a União Europeia observaram que existe semelhança entre a iniciativa de Trump e propostas anteriores, mas destacaram que existem desafios legais e políticos a serem enfrentados para a sua implementação.
Segundo informações divulgadas pelas agências AFP e Reuters, líderes do Hamas ainda não receberam o plano de Trump, mas acreditam na boa-fé do presidente dos Estados Unidos para promover um cessar-fogo.
Os 20 Pontos do Plano
- Gaza será transformada em uma zona livre de terrorismo, deixando de representar ameaça a Israel.
- O território será reconstruído em benefício da sua população.
- Será declarado cessar-fogo imediato, com a retirada gradual das forças israelenses, visando a libertação dos reféns.
- Todos os reféns mantidos pelo Hamas, vivos ou mortos, deverão ser libertados em até 72 horas.
- Israel libertará 250 prisioneiros palestinos condenados à prisão perpétua e 1.700 residentes de Gaza detidos após os ataques de 7 de outubro.
- O Hamas se comprometerá com a coexistência pacífica e com o processo de desarmamento.
- Após a aceitação do acordo, será garantido o envio de toda a ajuda humanitária necessária a Gaza.
- A entrada e a distribuição dessa ajuda ocorrem sem interferências, sob a responsabilidade de agências da ONU.
- A administração de Gaza ficará a cargo de um comitê tecnocrático, supervisionado por um “Conselho da Paz” internacional, presidido por Donald Trump e com a participação do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. Posteriormente, uma Autoridade Palestina reformada assumirá o controle.
- Será elaborado um plano de desenvolvimento econômico para atrair investimentos para Gaza.
- Uma zona econômica especial será criada no território.
- Não haverá deslocamentos forçados, e aqueles que deixarem Gaza voluntariamente terão direito de retorno, embora a prioridade seja manter a população na região.
- O Hamas e outras facções serão proibidos de governar Gaza, direta ou indiretamente. A região será desmilitarizada sob supervisão internacional.
- Países da região comprometer-se-ão a garantir que o Hamas e outros grupos cumpram os compromissos assumidos.
- Uma Força Internacional de Estabilização será enviada para treinar a polícia palestina e assegurar a segurança interna e de fronteiras.
- Israel não ocupará nem anexará Gaza, e a retirada será gradual.
- Caso o Hamas rejeite ou atrase a proposta, as medidas previstas serão aplicadas em áreas "livres de terrorismo" que Israel repassar à Força Internacional de Estabilização.
- Diálogo inter-religioso será promovido para estimular a tolerância e a coexistência pacífica.
- A medida que a reconstrução avançar, será aberta a possibilidade de autodeterminação e criação de um Estado palestino.
- Os Estados Unidos conduzirão o diálogo entre Israel e Palestina para viabilizar a coexistência pacífica.