BR-381 é a rodovia da morte entre MG e SP
27/09/2025, 21:31:21Importância da BR-381
A BR-381, oficialmente batizada de Rodovia Fernão Dias, é uma das principais rodovias do Brasil, com 562 km de extensão, ligando Belo Horizonte a São Paulo. Essa rodovia é fundamental para integrar dois dos maiores polos econômicos do Sudeste, passando por regiões industriais e agrícolas, e servindo como canal de escoamento para a produção local, incluindo café, laticínios, grãos, produtos químicos e bens de consumo. Cidades como Betim, Pouso Alegre, Atibaia, Mairiporã, Bragança Paulista, Guarulhos e a própria capital paulista são atravessadas por este importante trajeto.
O Perigo da Rodovia
No entanto, a fama da BR-381 vai além de sua relevância logística. Devido ao seu traçado cheio de curvas e à topografia montanhosa, associada ao intenso fluxo de veículos pesados, a rodovia recebeu o título de “rodovia da morte”. O especialista em mobilidade, Silvestre de Andrade, em entrevista ao Portal iG, comentou os desafios enfrentados na BR-381, que atravessa a Serra do Espinhaço, evidenciando a necessidade de um traçado sinuoso com rampas íngremes e curvas fechadas.
“Quando a 381 foi projetada, não existiam caminhões de sete, nove eixos circulando. O traçado sinuoso e as rampas fortes, somados ao relevo montanhoso, fazem com que a estrada tenha um potencial maior de acidentes”, afirma Andrade.
Estatísticas Alarmantes
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que, apesar de diversas alterações, a rodovia ainda é considerada uma das mais perigosas do país, ocupando a quarta posição entre as rodovias federais que mais registram acidentes em 2025, com 2.188 ocorrências e 111 mortes. As colisões traseiras registram o maior número de ocorrências (440), seguidas por saídas de pista, choques contra objetos fixos e batidas laterais.
As cidades com o maior número de acidentes incluem Betim (MG), Mairiporã (SP) e São Paulo (SP). Andrade destaca as limitações estruturais da BR-381 como principais responsáveis pela sua periculosidade. “O potencial de acidentes é maior porque há dificuldades para os veículos pesados vencerem as rampas íngremes ou fazer curvas em velocidades mais altas. Ademais, as condições de pista simples aumentam o risco de colisões”, completa.
Investimentos e Melhorias
A Fernão Dias tem recebido investimentos para melhorias, com destaque para duplicações e concessões. O “Corredor Dom Pedro I”, que se estende do km 9,3 ao km 48,3, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, é um dos trechos mais conhecidos. Mesmo assim, algumas partes permanecem em pista simples, especialmente no sentido Belo Horizonte–Governador Valadares, o que torna as ultrapassagens muito arriscadas.
Segundo Andrade, medidas de engenharia são necessárias para aumentar a segurança da rodovia. Entre as sugestões estão a duplicação das pistas simples, a implementação de terceiras faixas em subidas íngremes, a construção de rampas de escape em curvas fechadas, além da instalação de iluminação pública e o fechamento de acessos irregulares. Além disso, ele sugere transformar cruzamentos em desnível e criar variantes em áreas sinuosas como forma de tornar o trajeto mais seguro.
Comportamento dos Motoristas
Andrade também enfatiza o papel fundamental do comportamento dos motoristas na segurança da rodovia. “Mais de 70% dos acidentes têm o condutor como componente principal”, alerta o engenheiro. Ele ressalta que hábitos simples, como não consumir álcool antes de dirigir, evitar dirigir cansado, usar cinto de segurança e não se distrair com o celular são essenciais para uma viagem segura.
“Em rodovias, onde as velocidades são maiores, o tempo de reação a imprevistos é menor. Qualquer distração ou problemas no veículo, como freios desgastados ou pneus carecas, aumenta significativamente o risco de acidentes. Portanto, a atenção do condutor e a manutenção adequada do veículo são cruciais”, conclui o especialista.