São Paulo exige esclarecimentos da Enel sobre apagões

São Paulo exige esclarecimentos da Enel sobre apagões

O município exige a divulgação de um balanço de investimentos e um plano para eventos climáticos


Procon de São Paulo notificou a Enel quatro vezes desde novembro de 2023
Após as chuvas que assolaram a cidade no começo desta semana, a Prefeitura de São Paulo cobrou explicações da Enel. Na ocasião, para além dos estragos causados pelo temporal, como árvores caídas e alagamentos, mais de 570 mil casas ficaram às escuras.
A Prefeitura utilizou o Procon Paulistano para notificar a empresa italiana, responsável pela distribuição de energia na capital e exigiu que ela "apresente informações sobre as interrupções no fornecimento registradas em diferentes pontos da cidade".
O órgão indicou insatisfação, dizendo que acompanha de perto a situação que se repete em todo período de chuvas "sempre com as mesmas justificativas apresentadas pela empresa e sem a adoção de medidas concretas".
O Procon solicitou que a empresa divulgue um plano de contingência atualizado para eventos climáticos extremos e um balanço dos investimentos financeiros na infraestrutura de distribuição e seus resultados ao longo do último ano.
Ao iG a Enel disse em nota que: "A Enel Distribuição São Paulo informa que restabeleceu o fornecimento de energia para os clientes afetados pelas fortes chuvas e ventos da última segunda-feira (22). No momento, a operação entrou em padrão de normalidade e segue trabalhando em casos pontuais. A operação em campo, que contou com a mobilização de mais de 1300 equipes, conseguiu retomar o serviço para o maior percentual de unidades afetadas em até 24h, na comparação entre eventos climáticos de alto impacto na rede. A evolução do atendimento a emergências é resultado do aumento consistente dos investimentos, com foco na resiliência na rede e no aprimoramento estrutural do plano operacional. A empresa reforçou equipes de campo, com a contratação de 1,2 mil colaboradores próprios, aumentou a frota de geradores para 700 equipamentos, dobrou as podas preventivas (mais de 600 mil ao ano) e está investindo um montante recorde de recursos em toda a área de concessão".
A briga não é de agora
Para as duas instâncias do executivo, representadas pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) e pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a Enel é um problema.
Na terça-feira (23), a Globo News divulgou que em uma reunião a portas fechadas realizada no Palácio dos Bandeirantes com 56 prefeitos para discutir medidas para resolver os problemas causados pela chuva, Tarcísio criticou a distribuidora de energia e disse que pretendia "varrer essa concessionária ruim do nosso Estado".
Já o prefeito, é um crítico frequente da Enel. Em agosto, Nunes encabeçou uma iniciativa para impedir a renovação antecipada do contrato pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que vence em 2028, a renovação caso aprovada pode prorrogar a concessão por mais 30 anos. Nesta semana o mandatário municipal culpou a distribuidora pela demora para desligar a energia para a retirada de árvores derrubadas pelo temporal e por ventos de 98 km/h.
Multas
As repetidas falhas de prestação de serviço da Enel acarretaram várias multas. Desde 2018, quando assumiu a concessão, somam-se mais de R$ 403 milhões, R$ 320 milhões em multas aplicadas pela Aneel e R$ 83 milhões do Procon. Apesar das punições impostas, boa parte desse valor foi suspenso em por ações na justiça.