Careca do INSS é ouvido na CPMI e se silencia

Careca do INSS é ouvido na CPMI e se silencia

Depoimento Polêmico na CPMI

O empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, prestou depoimento nesta quinta-feira (25) à CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que investiga fraudes contra aposentados. Preso pela Polícia Federal em 12 de setembro, Antunes é apontado como operador financeiro do esquema que desviou recursos de benefícios previdenciários.

Recusa em Responder

Durante a oitiva, ele recusou-se a responder às perguntas do relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL). “Não responderei às perguntas elaboradas pelo relator. Segundo meus advogados, Sua Excelência disse, por mais de uma vez, que sou ladrão do dinheiro de aposentados, sem me dar a chance de defesa. O relator já me julgou e condenou sem sequer me ouvir. Tal conduta revela a quebra da imparcialidade que se espera de um agente público responsável pela apuração de eventual infração penal”, declarou.

Questionamentos do Relator

Mesmo diante do silêncio, Gaspar apresentou mais de 150 questionamentos ao empresário durante 50 minutos. Perguntou quais parlamentares, ministros e servidores públicos Antunes teria visitado, quando a suposta estrutura criminosa foi criada na Previdência e se ele contou com aval de agentes públicos para desviar recursos.

O relator exibiu uma fotografia de janeiro de 2023 em que Antunes aparece ao lado de diretores do INSS e do então secretário-executivo da pasta, Wolney Queiroz, atual ministro da Previdência.

“Eu fico imaginando o senhor distribuindo brindes de milhões de reais a funcionários corruptos da Previdência Social. Fico me perguntando quanto essa turma recebeu do senhor, do dinheiro roubado dos aposentados e pensionistas”, afirmou Gaspar.

Suspeitas Levantadas

Outros pontos levantados pelo relator incluíram a suspeita de que o empresário teria obtido informações prévias sobre a operação “Sem Desconto” da Polícia Federal, responsável por revelar o esquema de descontos indevidos. Gaspar também pediu explicações sobre o “crescimento patrimonial espetacular” registrado por Antunes entre abril e junho de 2004, mas não obteve resposta.

Críticas do Deputado

Em diversos momentos, o deputado qualificou o empresário como “quadrilheiro” e disse que ele seria o responsável pelo “maior roubo aos aposentados e pensionistas da história do Brasil”. Segundo Gaspar, Antunes será condenado pelos crimes de que é acusado.

“Quantas vezes o senhor confiou nos padrinhos poderosos, pensando que a impunidade ia ser a marca da sua vida? Hoje, o senhor está arrogante e prepotente. Mas em breve o senhor enfrentará o sistema prisional. O senhor hoje é um arquivo vivo, que, para alguns, vale muito mais morto do que vivo. Engana-se pensando que está protegido. Não vai tardar o dia em que o senhor estará numa cela, e seus amigos vão lhe tratar como uma doença contagiosa e infecciosa”, afirmou.

Investigações em Andamento

Antunes é suspeito de liderar empresas ligadas a descontos indevidos em aposentadorias e pensões. Ele nega participação nas fraudes e classificou as acusações como “fantasiosas”. O caso segue em investigação pela CPMI e pela Polícia Federal.