Zambelli afirma que será liberada na Itália em breve

Zambelli afirma que será liberada na Itália em breve

Depoimento na CCJ

A deputada licenciada Carla Zambelli (SP), em depoimento à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (24), no contexto de um processo que pede sua cassação, declarou que será libertada em breve na Itália.

Carla Zambelli e o hacker Walter Delgatti Neto foram condenados em agosto último pela invasão, em 2023, do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para a inserção de um falso mandado de prisão contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, assim como outros documentos falsos. Antes de a condenação do Supremo se tornar definitiva, Zambelli fugiu para a Itália, resultando na sua inclusão na difusão vermelha da Interpol.

Em julho, a deputada foi presa pela polícia italiana e atualmente aguarda decisão sobre sua extradição, detida na penitenciária feminina de Rebibbia, em Roma.

“Em pouco tempo, não vou estar mais dentro de um presídio, vou estar solta, porque o processo foi todo injusto, do começo até o final, e espero que consiga provar isso aqui também na CCJ e no Plenário”, declarou a parlamentar no depoimento à CCJ.

Polêmicas e Críticas

Durante seu depoimento, Zambelli fez questão de ressaltar que autoridades italianas ficaram surpresas com os detalhes do processo no STF. “O ministro Alexandre de Moraes foi vítima, relator e julgador. Quando falei, começaram a rir”, disse.

Ainda no depoimento, Zambelli apresentou uma foto com seu filho e criticou Moraes por bloquear suas redes sociais. Ela mencionou já ter sofrido oito desmaios na prisão na Itália e relatou estar enfrentando fortes dores de cabeça e crises de fibromialgia.

A deputada citou o ex-deputado Daniel Silveira (RJ), condenado em 2022 por ameaças ao Estado Democrático de Direito, e apontou uma “sanha persecutória” do STF em processos criminais contra parlamentares.

Perda de Mandato

Carla Zambelli falou à comissão no âmbito da Representação 2/25, da Mesa Diretora. O processo em curso foi instaurado em junho, visando analisar o pedido de perda de mandato da deputada. O deputado Pedro Campos (PSB-PE) destacou que a situação é desfavorável para Zambelli. “Condenada a dez anos de prisão, precisará passar no mínimo 608 dias em regime fechado, impossibilitando qualquer exercício parlamentar”, afirmou.

O presidente da CCJ, deputado Paulo Azi (União-BA), informou que reiterou ao ministro Alexandre de Moraes o pedido para a derrubada do sigilo de todo o processo no STF contra Zambelli (Ação Penal 2428). A CCJ já ouviu Delgatti Neto, que reafirmou as acusações contra a deputada, que, por sua vez, refutou as alegações, especialmente em relação ao suposto contato frequente entre os dois.

Em favor de Zambelli, falaram o especialista em provas digitais Michel Spiero, um técnico associado à defesa, e o ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eduardo Tagliaferro.